A sucessão de Lavoisier Maia – parte 3
José Agripino Maia e Aluízio Alves eram, no início da década de 1980, os virtuais candidatos ao governo do estado. Porém, havia um problema de ordem política e matemática a resolver: a manutenção da aliança Alves e Maia não guardava espaço, sob o mesmo guarda-chuva, para dois candidatos majoritários à governança estadual.
Para evitar o rompimento entre as duas maiores forças políticas do Rio Grande do Norte, João Faustino, eleito deputado federal, em 1978, beneficiado pela indicação de Lavoisier Maia para o governo do estado, sugeriu a candidatura de Aluízio Alves para senador, em 1982, que, boa em outro momento, era vista com desconfiança e mesmo com desdém pelo ex-governador.
A administração de José Agripino em Natal tinha uma proposta, segundo o próprio prefeito, de humanização da cidade. Foi dada ênfase ao desenvolvimento das atividades esportivas, por meio da construção de campos de futebol e quadras poliesportivas nos bairros, além da pavimentação da cidade e de uma operação tapa-buracos.
Os recursos para tocar essas obras eram libertados pelo governo federal e permitiram que José Agripino inaugurasse várias obras na capital do estado, catapultando sua candidatura governamental.
O Partido Democrático Social (PDS), no entanto, não estava unido em torno da candidatura de Agripino. Dinarte Mariz procurava de todas as formas impedir a candidatura do “filho de Tarcísio”, inclusive sugerindo o nome do empresário Fernando Bezerra como candidato.
Também havia no PDS um movimento visando a indicação de Wanderley Mariz para ser o candidato a vice-governador, o que encerraria a oposição de Dinarte à candidatura de Agripino.
Após o lançamento oficial de José Agripino como candidato, o senador Dinarte Mariz e seus correligionários mais fiéis, apoiaram-no.
A aspiração de Aluízio Alves em concorrer ao governo do estado era forte e se contrapunha ao projeto político urdido por Tarcísio Maia. A pretensão de ambos colocava-os em campos diametralmente opostos.
No dia 08 de junho de 1981, Tarcísio confirmou a candidatura de José Agripino Maia ao governo do estado e, para não ficar inteiramente isolado na política estadual, principalmente após Dinarte Mariz e Tarcísio Maia fumarem o cachimbo da paz, Aluízio Alves começou a sondar a possibilidade de uma aproximação política com a família Rosado, forte no oeste do estado, dividindo o PDS.
Em julho de 1982, as chapas do PDS e do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) que concorreram ao governo do estado foram homologadas. O PDS concorreria com José Agripino e Radir Pereira; o PMDB, com Aluízio Alves e Pedro Lucena.
A legislação eleitoral aprovada no Congresso Nacional criou o chamado voto vinculado, impondo a fidelidade eleitoral e determinando que o voto dado ao cabeça-de-chapa teria de ser dado a todos os candidatos da coligação (senador, deputado federal, deputado estadual e prefeito), inviabilizando qualquer possibilidade de vitória da candidatura oposicionista.
Sem poder votar em Aluízio Alves, o grupo Rosado fez campanha, sem poder sufragá-lo. Entretanto, defendeu o voto camarão (anulando o voto para governador), com êxito em Mossoró e cidades da região.
A vitória de José Agripino sobre Aluízio Alves foi acachapante. A diferença foi superior a cem mil votos, confirmando a estratégia de Tarcísio Maia, a exemplo do que ocorrera em 1978.
A administração de Agripino em Natal imobilizou a candidatura de Aluízio em um dos seus principais redutos eleitorais.
A lei da vinculação de votos foi certamente o fator primordial para a derrota do candidato do PMDB, visto que o partido só tinha diretório em 40 dos 150 municípios, impossibilitando-o de concorrer neles. A lei da vinculação de votos, que obrigava e eleitor a votar nos candidatos de uma só coligação em todos os níveis, prejudicou não somente a candidatura de oposição aqui no estado, mas a de todos os candidatos oposicionistas, principalmente no Nordeste.
Antes da lei da vinculação de votos, as pesquisas apontavam Aluízio Alves como virtual governador. Após a lei, José Agripino passou à frente nas pesquisas, vencendo o pleito.