Roberto Jefferson e a Nova República das Bananas
A Nova República nasceu para substituir a República Nova que já estava velha e, como o Brasil é Brasil, ambas nasceram velhas e assim viveram.
Parida no ventre do regime autoritário de 1964, sob os auspícios da oposição e de parte da situação, a Nova República teve alguns personagens grandiosos e numerosos medíocres, todos acolitados por muitos medíocres e alguns poucos grandiosos.
Roberto Jefferson Monteiro Francisco, advogado, comunicador e político, é um dos personagens e deixo aos meus três ou quatro leitores a tarefa de apontá-lo como medíocre ou grandioso.
Ingressando oficialmente na vida pública em 1971, Roberto Jefferson foi candidato a prefeito do Rio de Janeiro, em 1988, quando já era deputado federal, e obteve 2,85% dos votos, ficando em 6º lugar, atrás até da candidatura fictícia do Macaco Tião, símio do Zoológico do Rio de Janeiro, inscrita sob o também fictício Partido Bananista Brasileiro (PBB) e lançada pela revista Casseta Popular. O Macaco Tião recebeu quase 300 mil votos (http://historianosdetalhes.com.br/politica/o-debate-global-padre-kelmon-e-o-fim-do-brasil/).
Candidato(a) | Vice | 1º turno 15 de novembro de 1988 |
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Total | Porcentagem | ||||
Marcello Alencar (PDT) | Roberto d’Ávila (PDT) | 998.008 | 41,86% | ||
Jorge Bittar (PT) | Cleonice Dias (PT) | 552.149 | 23,20% | ||
Álvaro Valle (PL) | Richardson Valle (PL) | 393.761 | 16,51% | ||
Artur da Távola (PSDB) | Cesário de Mello (PSDB) | 154.176 | 6,46% | ||
José Colagrossi (PMDB) | Hélio Ferraz (PFL) | 127.766 | 4,05% | ||
Roberto Jefferson (PTB) | David Raw (PTB) | 68.156 | 2,85% | ||
Paulo Ramos (PMN) | Celso Brant (PMN) | 37.500 | 1,57% | ||
Wagner Cavalcanti (PDC) | Jaime Silveira (PDC) | 17.512 | 0,73% | ||
Aurizete Menezes (PSD) | Franklin Valadares (PSD) | 10.669 | 0,44% | ||
Lincoln Sobral (PH) | Leila Jurema (PH) | 9.822 | 0,41% | ||
Antonio Villardo (PJ) | Roberta Malheiro (PJ) | 4.100 | 0,17% | ||
Olindo Maia (PNA) | Pedro Paulo Cintra (PNA) | 3.817 | 0,16% | ||
Luís Carlos de Oliveira (PMC) | Djalma Souza (PMC) | 3.548 | 0,14% | ||
Antonio Alcides (PSB) | José Francisco da Cruz (PSB) | 2.959 | 0,12% | ||
Total de votos válidos | 2.383.943 | ||||
→ Votos em branco | 469.543 | 14,88% | |||
→ Votos nulos | 300.012 | ||||
Total de votos | 3.153.498 |
No início dos anos 1990, Roberto Jefferson era um disciplinado soldado da tropa de choque do Presidente Fernando Collor, então acossado por um processo de impeachment, depois foi um dedicado integrante da base aliada do Presidente Fernando Henrique Cardoso e já neste milênio um voraz apoiador do Presidente Lula, quando, descoberto o propinoduto do mensalão, pôs a boca no trombone e denunciou o esquema de compra de votos no Congresso Nacional. Adendo 1: comprar apoio parlamentar, como foi feito durante o mensalão (e depois no petrolão), é atentado à democracia.
Caídos o PT e Lula em desgraça, Roberto Jefferson esteve próximo ao governo Temer e, a seguir, ao de Jair Bolsonaro.
Ontem, recusando-se a cumprir ordem judicial, o ex-parlamentar lançou granada(s) e atirou em agentes da Polícia Federal, demonstrando o pouco apreço que tem pela vida humana e pelos ritos institucionais da democracia. Adendo 2: em 2018, Lula e seus apoiadores montaram, quando foi decretada a prisão do ex-Presidente, palanque político para render imagens para construção de narrativas para livros e filmes, afrontando a estrutura legal do país (https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/lula-se-entrega-a-pf-para-cumprir-pena-por-corrupcao-e-lavagem-de-dinheiro.ghtml). Adendo 3: Ciro Gomes já chegou a prometer receber a Polícia Federal à bala: “O Moro que mande me prender, eu recebo a turma dele na bala.” (https://www.infomoney.com.br/politica/veja-video-o-moro-que-mande-me-prender-eu-recebo-a-turma-dele-na-bala-diz-ciro-gomes/).
O brasileiro adora bazofiar ou ouvir bazófios dos amigos chegados. Quando é dita por adversários e inimigos, a bazófia faz mal aos ouvidos.
Decisão judicial não se discute, cumpre-se; Até pode ser contestado, pelos meios legais. Montar palanque ou atacar agentes do Estado para desrespeitar ou fazer pouco caso da lei e das instituições é descer alguns degraus na escala civilizacional.
Que Roberto Jefferson siga para a cadeia, que tenha os seus direitos de cidadão respeitados e que o ataque desfechado, ontem, contra agentes do aparelho policial transforme-se em novo processo, pois ele não está acima da lei. Como também não estava Lula, ao afrontar as instituições no exemplo acima citado.
Lula e Jefferson puseram o Brasil no mesmo patamar de uma república bananeira.