A política potiguar e o anedotário político (3)
A eleição para o Senado, em 1974, quando se enfrentaram Agenor Maria (MDB) e Djalma Marinho (ARENA), era considerada a maior barbada.
Todos esperavam apenas a nomeação de Djalma, um nome de envergadura nacional, exceto Agenor, o marinheiro do Seridó.
O seridoense nascido em São Vicente, quanto este era distrito de Florânia, era a cara do povo e disputava uma eleição na qual, pela primeira vez, desde a reforma partidária de 1965, implantada durante a gestão do presidente Castello Branco, o povo resolveu se manifestar.
Intuitivo e popular, Agenor dizia que ganharia o pleito com os votos dos eleitores do MDB e dos eleitores da ARENA.
Numa campanha com forte apelo popular, Djalma Marinho foi novamente derrotado; também o fora em 1960, quando disputou o governo do estado contra Aluízio Alves e a refrega trouxe em vagalhões o povo para a rua.
Há passagens em alguns livros sobre fato hilário acerca do início da campanha envolvendo o então deputado federal e candidato a senador Djalma Marinho.
Corria a convenção a ARENA que homologaria o seu nome como candidato ao Senado, quando o senador Dinarte Mariz recebeu telefonema do seu colega Daniel Krieger, que lhe perguntou como estava a situação política no Rio Grande do Norte.
Sem titubear, Dinarte respondeu: “Não vai nada bem. Djalma está há quase duas horas falando sobre Vozes do silêncio, livro de um tal André Malraux, para mais de cem prefeitos do interior.”
A passagem expressa simbolicamente que um candidato do povo, feirante, contra um candidato intelectualizado, num pleito no qual o povo veio se pronunciar em praça pública, as previsões dos analistas iriam soçobrar, como de fato soçobraram.
Ao final, o feirante que tropeçava nas concordâncias verbais saiu vitorioso.