Gripe, marasmo e futebol
Estou há quase noventa dias vivendo um final de semana constante criado por um greve sem propósito, daquelas que encerradas, depois de muito moído e pouco resultado, as lideranças sindicais saem gritando que tivemos ganhos políticos.
Meus quatro ou cinco leitores, aprendam: se alguma liderança sindical lhe chamar para uma greve que prometa mundos e fundos e ao final vier com conversa de ganhos políticos saibam que a vocês só restaram os fundos.
Nos quase noventa dias de greve tive, mesmo com o trabalho e a rotina diários suspensos, muito o que fazer – e fiz. Li e escrevi e alguns dos resultados virão a público entre julho e setembro. No entanto, na última semana fui derrubado por uma gripe e de molho em casa desde a noite da quinta-feira (os primeiros sintomas se manifestaram de quarta para quinta), restou-me assistir filmes e jogos de futebol, porque ler só consegui ontem à noite.
Com o encerramento da primeira fase da Euro, o pobre campeonato brasileiro da séria A, com times desfalcados, a paupérrima Copa América foram inicialmente as minhas alternativas na quinta (quase não vi nada) e sexta.
Na sexta o Brasil entrou em campo pela “primeira vez” e atropelou a seleção paraguaia, 4 a 1. Foi a “estreia” de Vinícius Junior pelo selecionado tupiniquim. O craque do Real Madrid fez dois gols; os outros dois foram marcados por Paquetá, de pênalti, e Savinho. O Brasil ainda perdeu uma penalidade máxima, com Paquetá.
Ontem (sábado) pude deleitar-me com dois bons jogos da Euro (Suíça x Itália e Alemanha x Dinamarca), com o ABC jogando no Continente (salve Érico Veríssimo), com o empate sem graça entre Vasco e Botafogo e com a Argentina jogando o suficiente para despachar o Peru de volta para casa.
O ex-ferrolho suíço mandou a Itália mais cedo para casa (2 a 0). Quem tem menos 25 anos talvez não saiba, mas o time da bota que lambe três mares um dia já foi um dos grandes do ludopédio. Daqueles que chegam em crise, fazem fase classificatória mambembe e beliscam (ou quase beliscam) o título. Desta vez, depois de destilar veneno na simpática Croácia, caiu diante da Suíça, famosa por evitar e quase nunca marcar gols.
Os donos da casa enfrentaram a Dinamarca, um dia máquina e hoje apenas sombra das ótimas equipes montadas entre as décadas de 1980-90, quando foi potência futebolística, assombrando em duas copas (1986 e 1998) e papando o título da Euro-1992. Ontem a ex-máquina danesa não foi páreo para a cavalaria germânica conduzida pelo general teuto-turco Ilkay Gündogan. Resultado da peleja: 2 a 0.
Quase no mesmo horário, o ABC fez jogo sofrido contra o Ypiranga e voltou para Natal com um pontinho na bagagem. O empate em 1 a 1, com os gols feitos nos descontos do segundo tempo, oferece um retrato quase fiel da partida mal jogada e difícil de ser assistida. O que esperar da série C, senão sofrimento?
Um pouco depois da peleja jogada no maltratado Rio Grande do Sul, Vasco e Botafogo fizeram jogo sofrível e sofrido no vetusto estádio de São Januário, um dia palco de grandes jogos e de memoráveis discursos do gaúcho Getúlio Vargas. Não dá para marcar se o Vasco vem melhorando depois da longa piora ou se o Botafogo piora depois de sucessivas melhoras.
Noite fechada assistindo Argentina 2 x 0 Peru, gols de Lautaro Martínez Os hermanos, que já compraram a federação peruana para surrá-la (6 a 0) e garantir presença na final do mundial que sediaram em 1978, não precisaram de muito esforço para mandar duas bolas para o filó peruano e antecipar as passagens andinas do Peru.
Hoje tem mais jogo e amanhã mais resenha.