Alfabetização futebolística: do abecedário à Seleção Brasileira
A sopa de letrinhas ABC e CSA enfrentaram-se, ontem (sábado, 06/07), pela 12ª rodada do campeonato brasileiro da série C, num espetáculo deprimente de futebol.
Qualquer professor reprovaria o elenco das duas equipes que entraram em campo, no Frasqueirão, para maltratar a bola e as testemunhas ali presentes. Ao final, o Centro Sportivo Alagoano venceu o Tratado Argentina, Brasil e Chile pelo placar de dois tentos a zero e uma vez mais deixa a maltratada torcida do time do Rio Grande do Norte ressabiado, dado o flerte do Mais Querido potiguar com a série D.
Foi um avant-premiére de Uruguai x Brasil, quartas-de-final da Copa América, certame que reúne a fina-flor do continente descoberto pelo genovês Cristóvão Colombo.
O placar ocho (0 x 0) exprimiu a decadência dos futebol jogado nesta parte do planeta.
Venho dizendo desde o início que torneio americano, pelo requinte e sofisticação, deveria se chamar Copa D. Quixote de La Mancha ou Copa do Cavaleiro da Triste Figura, tal a esqualidez ludopédica das equipes. Nem a Argentina, atual campeã mundial, e o Uruguai, até ontem o melhor time da competição, escaparam do analfabetismo futebolístico das quartas-de-final.
Um amigo me disse: “Sérgio, você esqueceu a Colômbia, que enfiou um 5 a 0 no Panamá”.
Ora, no Panamá até um Combinado ABC/CSA, letrados semialfabetizados, meteriam 5 a 0.
Não esqueçam, meus 3 ou 4 leitores, o Panamá um dia foi Colômbia e quando deixou de ser foi para garantir a construção de um canal ligando o oceano Atlântico ao oceano Pacífico.
Sem desmerecer o país e o povo panamenho, valorosos e altaneiros, o futebol jogado no Panamá é compatível com o de outro duto que conduz matéria bem menos nobre.
Voltando à peleja Uruguai x Brasil, é possível dizer que a antiga Cisplatina tem um time armado que não jogou, enquanto o Brasil nada tem; na melhor das hipóteses, um bando reunido para vestir camisas amarelas (ou azuis).
A súcia dirigida por Dorival Junior e capitaneada por Danilo nem se esforçou para parecer um time. É formada por jogadores sem alma. E é justamente a alma que torna os times argentino, colombiano e uruguaio – e até o venezuelano, melhores que a farândola brazuca.
Saímos da competição nos tiros livres diretos cobrados da marca penal, porque o Uruguai abdicou de jogar e apenas inviabilizou nossa saída de bola, pressionando ligeiramente a marcação sobre os nossos zagueiros e volantes tecnicamente limitados.
Mesmo com um a menos nos vinte minutos finais da partida, os uruguaios mantiveram a estratégia e levaram a partida para a “loteria dos pênaltis”, quando enviou a horda cebeefiana para casa.
Caberia aos dirigentes da confederação que (in)dirige o futebol nacional reconhecerem a incompetência dos nossos “professores” e contratar um estrangeiro, o português Abel Ferreira, para ensinar a cartilha aos nossos jogadores.
É hora, caros, de aprender o ABC.