O Flamengo, a Libertadores e a nossa crônica esportiva
Ontem, merecidamente, o Clube de Regatas Flamengo foi campeão da Libertadores da América, depois de vencer, de virada, o River Plate, da Argentina.
O placar de 2 a 1 para os brasileiros não reflete o que foi o jogo, no qual os argentinos foram superiores, mas fez justiça ao desempenho do Flamengo ao longo do campeonato sul-americano.
A imprensa, durante e após o jogo, insistiu na tese de que o Flamengo jogou mal. Fez o mesmo quando o time do Rio, hoje disparadamente o melhor time da América do Sul, empatou contra o Goiás e o Vasco, como se os adversários não tivessem méritos.
Edmundo, da Fox, culpou o gramado duro pela má performance do Flamengo. Houve eco à manifestação do ex-craque dos gramados. Outros analistas lamentaram o mau jogo de Gabriel, Bruno Henrique e dos laterais Rafinha e Filipe, esquecendo-se de enaltecer quem marcava as suas ações ofensivas.
O River Plate amarrou o time do Flamengo durante 65 a 70 minutos do jogo, porque soube marcá-lo e inviabilizou as principais arremetidas flamenguistas. Também soube imprimir vontade durante quase todo o jogo, enquanto os cariocas jogaram meio anestesiados, achando que ganhariam quando quisesse. Demorou até que percebessem que estavam jogando uma final de Libertadores e não o insosso campeonato brasileiro.
Há uma máxima, no futebol, que diz que em decisão não se joga bonito, decisão se ganha. E foi o que o Flamengo fez, gastando a bola contra a maior parte dos adversários e jogando o suficiente para vencer a finalíssima, depois de começar perdendo.
A final da Libertadores deste ano, jogada em jogo único, entre um brasileiro e um argentino, foi um espetáculo tático quase perfeito do técnico Gallardo sobre Jorge Jesus. Na hora da verdade, porém, o treinador argentino mexeu mal na sua equipe e o português que dirige o rubro-negro do Rio de Janeiro foi ousado, abriu mão dos volantes e pôs a sua equipe num ataque suicida que sufocou o time platino.
Ao final, 2 a 1 para o Flamengo, que, mesmo não tendo sido o melhor durante a maior parte do jogo, pelos méritos do River Plate, foi cirúrgico nos momentos decisivos.
À parte de nossa imprensa cabe ser menos torcedora e mais profissional, analisando méritos e deméritos dos times que jogam uma partida de futebol.