Raimundo Soares de Brito: o ofício de fazer História nas ruas e nos arquivos
Morador da rua Henry Koster, 23, Raimundo Soares de Brito foi uma das mais eminentes figuras da historiografia norte-rio-grandense, um dos mais conceituados e requisitados historiadores do Rio Grande do Norte.
Nascido em Carnaúba dos Dantas, em 1920, morou em Natal e Fortaleza, antes de se fixar em definitivo em sua Mossoró.
Exerceu – e bem – alguns ofícios, entre os quais comerciante e funcionário público, mas foi como historiador que se tornou conhecido e respeitado.
Passou anos garimpando informações sobre sua Mossoró “natal” e sobre o Rio Grande do Norte, dando importantes contribuições na pesquisa do município e do estado.
Chegou a ser, possivelmente, o cidadão que dispusesse do maior acervo de informações sobre a cidade de Mossoró.
Mesmo tendo um volume significativo de pesquisa, Raimundo Soares de Brito não aceitava o título de historiador. Dizia-se um pesquisador. E não foi, de fato, um historiador de academia, mas um historiador da rua e dos arquivos.
Adquiriu na observação acurada e na disciplina espartana o que os filósofos da Antigüidade nos ensinaram: aprender está no esforço da observação e na disciplina do pensamento.
Raimundo Soares de Brito aprendeu e ensinou. Na convivência com os cultos e com os humildes.
Na leitura selecionada e bem orientada nos legou uma das mais importantes obras historiográficas produzidas no espaço físico em que viveram Vingt-un Rosado e Baraúna, duas das mais importantes personagens do oeste potiguar.
Raimundo Soares de Brito fez-se grande pela grandiosidade do que pretendeu fazer.
Memorialista, biógrafo e historiador, pesquisou sobre intelectuais, políticos, artistas, figuras populares e tipos pitorescos. Suas quase duas dezenas de obras retratam esses personagens, e quase todas tendo Mossoró como cenário.
Buscou conhecer e conheceu Mossoró, dedicando-lhe um dos mais completos estudos.
Foram quarenta anos de estudo que se transformou em Ruas e Patronos de Mossoró – Dicionário, obra que palmilha cada recanto da cidade.
É apenas uma entre quase duas dezenas, mas talvez a que o autor dedica a maior afeição.
Nela Raimundo Soares de Brito elaborou uma o mais completo estudo sobre os patronos e ruas de Mossoró e ressaltou, de forma magistral, os escritores que deram nome às ruas da cidade.
São diversos escritores de todos os tempos e lugares e inúmeros intelectuais Entre eles, poderíamos citar, pela ordem alfabética: Adauto Câmara, Assis Chateaubriand, Auta de Souza, Coelho Neto, Dorian Jorge Freire (Auditório Dorian Jorge Freire, Estação das Artes), Eliseu Ventania, (Estação das Artes Eliseu Ventania), Ferreira Itajubá, Francisco Fausto, Machado de Assis, Olavo Bilac, Raimundo Nonato, Vingt-un Rosado, Vinícius de Moraes, entre outros.
Além do Dicionário…, Raimundo Soares de Brito escreveu Notícia biográfica de alguns patronos de ruas de Mossoró, Estudos de história do Oeste Potiguar, Alferes Teófilo Olegário de Brito Guerra; um memorialista esquecido, Uma viagem pelo arquivo; epistolar de Adauto Câmara, Pioneiros da história da Indústria e Comércio do Oeste Potiguar, Notas genealógicas sobre a família de Dona Amélia de Souza Melo Galvão, Raimundo Nonato – o Homem e o Memorialista, entre outros.
Ainda organizou três volumes das Atas da Câmara Municipal de Mossoró.
Raimundo Soares de Brito conheceu profundamente a cidade que escolheu para viver.
Dedicou quase toda a sua vida a um trabalho de pesquisa, mantendo viva a chama da história em tantas mentes e em tantos corações, ajudou a construir belo acervo espiritual e coletivo.
Foi este o seu maior legado.