Alexandre de Moraes, o democrata(?)
Escrevi este texto ao final da tarde de ontem. Quando pus o ponto final e liguei a televisão deparei-me com a notícia da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Pensei em retomar o texto e reescrevê-lo, mas preferi deixar como estava, como um testemunho de quão atrasado nós estamos no mundo de hoje.
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Um dos erros mais estúpidos e grosseiros cometidos pela turma virtuosa e bem-pensante é acreditar que Alexandre de Moraes é o guardião do estado democrático de direito e que seu inimigo é o bolsonarismo. Nada mais falso.
Quem assim pensa automaticamente adere ao alexandremoralismo e rende culto ao deus calvo do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro não é guardião de democracia alguma – tampouco é uma divindade. É só um homem. Careca. E tão autoritário quanto aqueles que diz combater.
A ideia de que Alexandre de Moraes e o bolsonarismo representam ameaças equivalentes à democracia é outra fantasia. Não são. Ambos têm pulsões autoritárias, é verdade – mas daí a colocá-los no mesmo balaio vai uma distância considerável.

Imagem feita com auxílio de IA
Alexandre de Moraes não é um ditador de fato, ainda que às vezes aja como um. Jair Bolsonaro, por sua vez, jamais teve a menor convicção democrática, mesmo quando pronuncia o nome da democracia – geralmente para usurpá-lo em seu próprio benefício.
Há motivos de sobra para criticar o ministro do STF. O problema é que seus críticos raramente concordam sobre quais são eles. Não é preciso, entretanto, passar pano para o bolsonarismo – ou vestir sua camisa – para enxergar os excessos do ministro.
Bolsonaro e Alexandre de Moraes não são farinha do mesmo saco. Mas vieram do mesmo moinho.