Aluados
A esquerda e seus acólitos não aprendem. Qualquer um que dela discordasse era chamado de extremista de direita.
Agora, quando os que discordam aumentaram em quantidade e claramente não rezam pela cartilha bolsonarista, a esquerda, por meio de um jornalista, antigo desafeto e hoje dedicado e disciplinado aliado, chamam-lhes de extremistas de centro.
Sejamos justos. Não é uma criação de Reinaldo Azevedo. Foi o professor e jornalista Eugênio Bucci o difusor do termo, mas não o seu inventor. Teria sido Geoffrey Crowther, “um dos mais célebres editores da revista The Economist”, o seu formulador (https://repositorio.usp.br/item/002653229).
Discorrendo sobre um monumento concebido por Rino Levi, com 12 painéis em baixo-relevo desenhados por Elizabeth Nobiling, numa representação das áreas das ciências humanas e das ciências naturais, com um “espelho d’água servindo de base para a torre e, em seu contorno, uma frase em letras maiúsculas, inscrita no calçamento, forma um círculo completo: ‘No universo da cultura, o centro está em toda parte’.” Foi esta frase que Miguel Reale, então Reitor da USP em 1972, “mandou grafar (…) sobre o solo em que pisamos até hoje”. Para ele, olhando rapidamente, “a ideia lembra a máxima folclórica da política mineira ‘nem contra nem a favor, muito pelo contrário’ –, mas não é nada disso. (…) É bem verdade que, de Lula a Gilberto Kassab, passando por Marina Silva, a maioria mais que absoluta, absolutista, dos políticos brasileiros já se disse ‘nem de esquerda nem de direita’, justamente para fugir aos rótulos, aumentar a confusão ideológica e expandir o centro indefinido no qual todos por aqui parecem sentir-se muito à vontade”. Para o jornalista e professor, o MDB levou o ensinamento ao pé da letra, pois “no universo do MDB o centro está em toda parte, assim como a direita e a esquerda não estão em parte alguma”.
Bebendo nessa fonte e deturpando-a, Reinaldo Azevedo proclama: “O extremismo de centro, uma quase-ideologia que viceja com força no colunismo, se pega a sonhar em momentos assim: ‘e se Lula desistir da reeleição, impossibilitado de disputar em razão da saúde?’. Não que os valentes o desejem, é claro!. Não suportam a hipótese de que possam ter maus pensamentos… Considerando que o Ogro é carta fora do baralho, talvez o Brasil, imaginam, possa se ‘reencontrar com a razão’.” (https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2025/01/20/farsa-do-pix-2-extremismo-de-centro-e-cavaleiro-sem-nome-que-vem-da-poeira.htm).
Está claro: ou você é cordeiro ou é extremista. Se não segue a cartilha progressista, saiba, é extremista. Tudo o que você falar ou escrever será usado contra você, você será cancelado, isolado, perseguido, escrachado.
Normalizaram chamar alguém de genocida, fascista, nazista. Não se pensa mais no significado das palavras. Querem agredir, mas ficam molinhos quando há reação.
Conheço – e bem – o tipo. O molinho. Isso fica, porém, para outro texto.
Vale qualquer coisa, para a patota, menos se olhar no espelho.
A esquerda conseguiu criar o extremista de centro antes de fazer o questionamento mais óbvio: “Será que não somos nós os extremistas?”.
Para facilitar o trabalho, a esquerda brazuca reinventou o marqueteiro político, um sujeito que se especializou em engabelar a sociedade. Uma espécie de prestidigitador de símbolos.
Desde 2002, Lula sempre carrega a tiracolo um Goebbelsinho para lhe ajudar a tapear o povo e desmoralizar a democracia. É marqueteiro-amor-e-ódio. É amor quando manda dizer platitudes bonitinhas ou e ódio quando ataca adversários com mentiras, para depois a militância, inflamada, moer o adversário sem piedade em todos os espaços possíveis.
A tática parece não ter mais tanta eficácia. A marquetagem tem limites se o cliente não colabora e se o alvo dos ataques não se intimidar e enfrentar a tropa lunaticamente aluada.
Nos últimos meses tem sido bizarro como nem pesquisas abrem os olhos da patota, a qual adotou como retórica política classificar qualquer discordância como extremismo.
Não cola mais.
É só uma forma de ofender gratuitamente quem está exausto e farto de deixar o salário no supermercado sem levar para casa o tanto que antes levava, quem está exausto e farto de ouvir gracejos e bazófias, quem está exausto e farto de promessas nunca cumpridas, quem está exausto e farto de ver o seu rico dinheirinho escorrendo para as mãos de um Estado paquidérmico e glutão, que muito arrecada e pouco devolve em serviços, quem está exausto e farto de ver os impostos transferidos para empresários incompetentes mas protegidos pelo governo de plantão e para uma massa amorfa que não quer mais soltar as gordas e suculentas tetas estatais.