Janja: do festival para “pobres” ao palanque dos descolados

por Sérgio Trindade foi publicado em 17.nov.24

Dizer que sou mal lavado falando do sujo é desonestidade comigo. Afinal, sou sujo mesmo, no sentido de que estou sempre disposto a ir à sarjeta para brigar com quem lá está – de ladrões que passam por anjos a administradores que escondem ladrões debaixo das saias ou das barras das calças, de liberticidas que posam de democratas a falsos a arautos da moral e dos bons costumes que andam melado de fezes (ou merda, diria impoluta senhora planaltina).

Não tenho condição moral alguma para criticar Rosângela Lula da Silva, a Janja – atualmente sentada na “cadeira” de primeira-dama do Brasil, posto que um dia foi da linda Marcela Temer, recatada e do lar; da intelectual e discretíssima Ruth Cardoso; da linda e mitológica Maria Thereza Goulart; da forte e decidida Sara Kubitschek; e da emblemática Darcy Vargas.

A atual primeira-dama brasileira uma vez mais se envolveu numa polêmica, carregando para dentro do governo um problema que pode embaraçar as relações entre Brasil e Estados Unidos.

Sou daqueles que pensa ser a liberdade de expressão um bem a ser cultivado, e quem, por qualquer motivo, ultrapassar o limite estipulado por lei, arque com as consequências. No entanto, quem está em função de gestão, privada ou pública, não deve manifestar opiniões que traguem a empresa ou o órgão que dirige para um redemoinho.

Estou sempre testemunhando como os extremos políticos se comportam, negando princípios, ao sabor da posição que ocupam.

Nos últimos dias, a primeira-dama resolveu torrar mais de R$ 30 milhões num show para ricos e remediados mas com nome que faz homenagem a pobres. Para completar, falou o que não devia e a reação das torcidas envolvidas no embate político brasileiro reflete precisamente o esgoto no qual nos encontramos: os bolsonaristas pedem compostura e modos à mulher do Presidente da República e os petistas defendem a verdadeira autenticidade da primeira-dama, dizendo serem lindos os desaforos proferidos por ela, parte em linguagem chula.

Janja xingou Elon Musk em painel do G20 Social, no Rio de Janeiro, mandando-o se foder (fuck you). O mesmo Musk que o Presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump nomeou para cargo federal, empoderando ainda mais o empresário que doou milhões de dólares para ajudar em sua reeleição.

No mesmo dia, o Presidente Lula fez discurso afirmando ser contra agressões.

Quem – no governo ou no PT, ou entre os chaleiras e assessores sérios – tem coragem e coluna vertebral para contar a Lula os eventuais efeitos do insulto de baixíssimo calão proferidos pela madame?

Janja é uma das figuras mais tristes que já apareceu na política brasileira. E olhe que o Brasil é pródigo em produzir gente do tipo.

Os defensores das pautas identitárias dizem que ela é uma mulher forte e isso e aquilo, mas se olharmos o seu passado vamos identificar apenas uma burocrata de carreira, sem brilho, que fez um bom casamento – e dele tem absorvido toda a notoriedade.

Chegando aos mais altos degraus do poder pelo casamento, deslumbrou-se, intrometeu-se e intromete-se publicamente em assuntos que não lhe dizem respeito, demonstrou total falta de sensibilidade social na tragédia que varreu o estado do Rio Grande do Sul, ao monopolizar forças e aparecer rindo numa coletiva por causa de um cavalo.

E ainda assim, a Senhora 01 do Planalto não encontra pela frente um capitão Nascimento (ou capitã Nascimento?) para gritar: “Pede pra sair, 01!”.

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