Tragicomédia em verde e amarelo
Há pouco, o Brasil foi sacudido com a notícia que Jair Bolsonaro, o messias de calção e herói de condomínio, agora será monitorado por tornozeleira eletrônica.
Sim, o homem que prometeu salvar a pátria das garras do comunismo, aquele que batia continência para a bandeira enquanto, no café da manhã, comia iogurte e pão com margarina, será vigiado como um bandido comum. E aceita a humilhação com a passividade de um boneco de posto esvaziado. Nem um grito. Nem uma bravata. Nem mesmo um “vou resistir!”. O “mito” entregou-se como quem assina recibo de derrota no cartório da vergonha.
Enquanto o pai passa constrangimento, o filho Eduardo, esse Dudu de Washington, vaga pelos Estados Unidos como um exilado de pantomima, pedindo a potências estrangeiras que castiguem o Brasil. Transformou-se num panfletário internacional contra o próprio país. Sim, caro leitor, o mesmo grupo que se dizia defensor da soberania nacional, agora se ajoelha diante do Tio Sam pedindo sanções contra as instituições brasileiras.
O mesmo bolsonarismo que chamava qualquer crítica internacional de traição, agora aplaude quando a pátria é chamada de ditadura. E quem grita por socorro contra o Supremo Tribunal Federal (STF)? Eduardo, aquele que se fantasiava de Rambo, mas que no fundo sempre foi mais uma espécie de Ronald de Golias diplomático, com o mesmo raciocínio confuso e o mesmo chilique infantil.
O bolsonarismo, enfim, revelou sua verdadeira natureza: um patriotismo de plástico, comprado em loja de fantasia. Amava o Brasil com a mesma sinceridade de um camelô vendendo diploma de Harvard. Quando tinha o poder, dizia-se guardião da pátria. Bastou perdê-lo e passou a tratar o país como uma terra ocupada por comunistas, merecedora de sanções, cercos e piedade estrangeira. Isso não é patriotismo, é chantagem emocional de quinta categoria.
E é aí que Lula, o eterno réu e também eterno ator principal da política brasileira, entra em cena para constranger ainda mais esse povo. Quando lhe ofereceram liberdade com tornozeleira, recusou. Preferiu a cela ao vexame. Saiu da prisão com os ombros eretos e a cabeça suja, mas erguida. Já Bolsonaro, que se apresentava como soldado de Deus, aceitará ser vigiado pelo Estado como um pivete do Planalto? Se tiver um pingo da altivez que alardeava, rasgará a decisão judicial em rede nacional e caminhará para a cadeia como quem caminha para o sacrifício. Preferirá o silêncio? O silêncio dos que são grandes só na boca. Se assim for, será mito de comédia.
O teatro bolsonarista desmoronou, por trás do pano; que se viu foi o de sempre: um amontoado de oportunismo, ressentimento e covardia.
No fundo, Bolsonaro não enfrenta só o STF. Não enfrenta só a lei. Enfrenta o espelho. E nele, não vê um mártir. Vê um homem pequeno, cercado de generais decorativos, filhos ressentidos e uma biografia amarrada no tornozelo.
Por Astério de Natuba