O urbanismo de Álvaro
A gestão do prefeito Álvaro Dias é, sem dúvida, uma das que mais mexeu nas ruas e avenidas de Natal – nas pistas de rolamento e nas calçadas.
E a cada intervenção piorou o que já não estava lá muito bom.
Na avenida dos Potiguares, o traçado feito pelos agentes públicos piorou consideravelmente o que funcionava relativamente bem. Não havia engarrafamento em hora alguma. Atualmente os engarrafamentos são corriqueiros. Numa via na qual cabia em cada um dos sentidos dois carros folgados, a secretaria responsável pela obra criou duas ciclofaixas, dois estacionamentos e duas pistas de rolamento.
Seguindo o padrão do que foi feito na São José (antes a mesma intervenção foi feita na avenida Deodoro), a ciclofaixa ficou espremida entre a faixa de estacionamento dos carros e a calçada. O motorista que vier e tiver de fazer conversão para o lado da ciclofaixa não avista o ciclista, escondido pelos carros estacionados. Já vi dois acidentes na São José. E eu mesmo, que gosto de pedalar, quase fui atropelado na São José – e não por falta de atenção do motorista, nem minha. Por sinal, o atropelamento só não ocorreu por excesso de prudência do motorista, que, por isso, quase teve o carro abalroado na traseira.
Pedalo há uns bons anos e percebo que em Natal, uma cidade de sol escaldante o ano inteiro e quando esfria é porque chove muito, não tem muito ciclistas pelas ruas e não há espaço físico para fazer ciclofaixas próximas às calçadas na maior parte das vias. Em algumas seria possível fazê-las nos canteiros centrais, caso da São José e da Jaguarari (da Salgado Filho/Hermes da Fonseca, da Prudente de Morais, da Deodoro), com proteção para os ciclistas, mas a prefeitura, a exemplo do que ocorreu em São Paulo anos atrás, prefere pintar o chão e chamar a obra de ciclofaixa.
A reforma das calçadas de várias artérias urbanas foi quase uma insânia.
Para justificar a necessidade da mobilidade urbano, tendo em vista as calçadas estarem fora dos padrões legais, inviabilizando a locomoção de portadores de necessidades especiais, a prefeitura arrancou calçadas inteiras, inclusive aquelas que estavam dentro dos padrões legais, para substituí-las por um modelo enlatado. O serviço labrojeiro já dá sinais de que novos intervenções serão necessárias.
Quem custeará as novas obras?
O dinheiro público gasto de forma pródiga e inconsequente ainda rende votos no Brasil.