Chegou a conta
Não existe almoço gratuito é uma máxima liberal tão certeira que marxistas, keynesianos, estruturalistas e afins não ousam contestar.
Quando adolescente eu ficava fascinado quando lia nos livros ou via filmes sobre a tal luta pela nacionalização petróleo brasileiro, ali entre as décadas de 1930-50, que resultou na criação da Petrobras, na gestão do presidente Getúlio Vargas, ex-ditador durante mais de uma década (1930-34 e 1937-45), e que à época governava o gigante adormecido, eleito em 1950 para um quinquênio presidencial.
O lema “O petróleo é nosso” é um emblema nacionalista e uma bandeira fraudulenta, pois nosso o petróleo nunca foi.
Embalou por décadas o atraso nacionalista enfronhado em bandeiras verde-amarela e em bandeiras vermelhas. Uniu da direita nacionalista à esquerda atrasada, e carregou o país para o precipício no qual se encontra hoje.
A Petrobras, que nasceu sob o lema de que “O petróleo é nosso”, foi roubada por muitos e solapada, ao final, na última década e meia, por lideranças que se diziam à serviço “da ética e dos bons costumes na política”.
Vivemos uma crise do petróleo inteiramente tupiniquim. Gerada e potencializada aqui. Compramos uma refinaria-sucata (Pasadena), entregamos uma outra a Evo Morales, construímos uma terceira que não existe (em Pernambuco) por um custo de R4 40 bilhões, quando não deveria custar R$ 10 bilhões. Adhemar de Barros, o rouba mas faz, invejaria a turma do rouba e não faz que manda nos destinos do Brasil há quase três décadas.
Praticamente falida por gestões criminosas, a Petrobras tentou se reerguer cobrando um preço que o Brasil, quase que inteiramente dependente do transporte rodoviário (abordarei isso em outro texto), não consegue pagar.
A camarilha partidária de todos os matizes ideológicos, com o PT à frente, embalada pela miragem do pré-sal, imaginou pilotar uma nova Arábia Saudita. Desfalcaram os cofres da estatal com uma sede de anteontem, para rememorar compositor que ainda é seduzido pelo discurso fantasioso dos Ali Babás barbudinhos.
Resultado: a conta chegou. E veio salgada como ela só. E o sal nem é o da miragem pré-salineira.
Por Sérgio Trindade