Não gosto de futebol feminino

por Sérgio Trindade foi publicado em 13.dez.23

Sou louco por futebol, apesar de assistir cada vez menos jogos do nobre esporte bretão.

Talvez o excesso de partidas transmitidas pelas mais diferentes mídias, realidade distante da de minha época de adolescência, cause certo fastio.

Nada, porém, me enfada mais do que jogos de futebol feminino.

Podem me chamar de preconceituoso ou de coisa pior. Rolou uma bola num campo de futebol e são mulheres chutando-a, mudo de canal.

Não é que eu não goste de futebol feminino. Eu o rejeito. Abomino mesmo.

Voleibol feminino, ginástica feminina, natação feminina, tênis feminino…, sim. Futebol, não. Nunca!

Assisti semana passada a série Doutor Castor, que conta um pouco da vida de Castor de Andrade, bicheiro e benemérito do Bangu, do Rio de Janeiro. Daí lembrei de um momento do inesquecível João Saldanha, falecido em 1990, no qual ele, machista e preconceituoso, pelos padrões atuais, desfia um monte de argumentos para criticar o futebol feminino. À época dele não tinha o politicamente correto, Saldanha dizia abertamente não gostar de futebol feminino e certa feita, numa festa do jornal Voz da Unidade, do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual sempre foi ligado e que, depois do fim da ditadura de 1964, estava novamente legalizado, não pensou duas vezes ao ser perguntado sobre o assunto: “Imagine a cena. Meu filho me apresenta a namorada e eu pergunto o que ela faz e ela me diz: ‘Sou zagueira do Bangu’. Não dá”, completou, abrindo os braços enquanto recebia vaia da plateia feminina.

Minha rejeição ao futebol feminino cresce na mesma proporção que tentam torná-lo atrativo.

Durante o último mundial, por sinal, quase não ligava a TV em canais esportivos para não correr o risco de ouvir comentaristas tentando convencer-me sobre como o jogo evoluiu, como tem atletas excelentes, etc.

A ansiedade desse pessoal era tanta que jogaram responsabilidade absurda sobre as atletas brasileiras, que formavam um time fraco, desprovido de jogadoras talentosas. Tudo em nome de uma lacração sem sentido e mesmo estúpida.

Resultado, eliminação nas fases iniciais do certame, como previsto, e uma avalanche de reclamações e cobranças: falta estrutura, falta apoio, falta…

O que faltou mesmo foi time.

Sou como João Saldanha, o João Sem-Medo: não gosto de futebol jogado por mulher. E até gosto, se for só uma brincadeira.

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