Moralismo e canalhismo andam de mãos dadas
A União Democrática Nacional (UDN) e o Partido dos Trabalhadores (PT), para ficar situado apenas nas laterais de nossa política, fincaram raízes no moralismo político.
As duas agremiações partidárias não nasceram com base apenas no moralismo, mas foram cevadas apontando o dedo acusador para os outros.
Alçada ao centro do poder, a UDN não mais como UDN mas como Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e depois Partido Democrático Social (PDS), afundou-se na lama da corrupção e abriu o flanco para ser apontada como artífice daquilo que acusava nos outros.
Nascido nos estertores do regime de 1964, o Partido dos Trabalhadores deveria ter aprendido a lição de sua irmã da centro-direita tupiniquim.
Como a história nunca é boa conselheira por aqui, o PT ergueu o dedo para as malandragens de todos e punha para baixo do tapete as suas.
Enquanto andava escorada em governos estaduais e prefeituras, chamou pouca atenção. Aboletado no Palácio do Planalto, com Lula e Dilma, arriou a bandeira impoluta da pureza política e administrativa.
Nelson Rodrigues dizia que em cada moralista empedernido existe um canalha.
O imenso intelectual sabia do que falava, perseguido que foi pela moralista patrulha ideológica da nossa vanguarda esquerdista.
O moralismo extremado é ambidestro.
A história parece que nos ensina pouco, o que reforça a máxima de Mário Henrique Simonsen, que, de forma irônica, chamava a atenção para a nossa irrefreável vocação para o princípio da contra-indução, segundo o qual “uma experiência que dá errado inúmeras vezes deve ser repetida até que dê certo”.
Por Sérgio Trindade