O demagogismo político invade a Escola

por Sérgio Trindade foi publicado em 28.fev.19

Alguém inventou eleições diretas nas escolas para que os candidatos a gestores estejam em contato próximo com todos os que as constituem, a saber, funcionários (administrativos e professores) e estudantes.

O espírito, porém, não tem sido esse.

O que presenciamos é a presença presente em época eleitoral e a presença ausente por quatro anos.

Explico.

Nos intervalos entre as campanhas, os postulantes ao cargo de diretor são inteiramente ausentes do cotidiano da escola. Ninguém os vê nos corredores da instituição, não vão à sala dos professores, não procuram saber dos servidores administrativos quais são as dificuldades que enfrentam no dia-a-dia, não dão as horas aos estudantes. Se possível, fogem das salas de aula.

Há os que têm presença protocolar junto à comunidades escolar. Vão às solenidades da escola e andam apressados pelos corredores. Sala dos professores continua sendo, para eles, campo minado. Fogem de lá como o demônio foge da cruz.

Milagrosamente, quando chega a hora de pedir votos, as gracinhas reaprendem os caminhos. Abandonam os gabinetes, as viagens e algumas fúteis reuniões para, gastando sola de sapato e consumindo saliva aos borbotões, dialogarem com quem não simpatiza mas de quem precisam para serem alçados ao cargos que almejam.

Comerão em restaurantes acanhados, frequentarão a cantina da escola, caminharão pelos corredores da escola como se estivessem desfilando na Oscar Freire.

Comportam-se como políticos profissionais, aqueles a quem batizamos de candidatos copas do mundo, porque só se fazem presentes a cada quatro anos.

Candidatos a gestores de escolas convivem (e não querem mudar) com as mesmas estruturas viciadas e corrompidas do país. Até ensaiam denunciá-las, mas sabem que se elas arriarem, eles desabam junto.

Por isso, a indiferença deles se entrincheira no bacharelismo vazio e na politicagem, pois só assim manterão intocadas as estruturas burocráticas, administrativas e políticas, de modo a que possam passar a sela sobre eleitorado dócil e cavalgá-lo sem grandes sustos.

 

 

Por Sérgio Trindade

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