A política potiguar e o anedotário político (4)
O brasileiro é muito criativo e espirituoso em muitos aspectos, mas por vezes passa dos limites quando se trata de dar nomes aos seus filhos e estes têm de carregar, por toda a vida, nomes que os constrangem.
Conto duas histórias, uma pinçada do livro de Orlando Rodrigues (Caboré) e outra contada pelo amigo Beto Rodenbourg, irmão de Rômulo de Macedo, ex-secretário de recursos hídricos do estado.
Como não estou com o livro de Caboré em mãos, vai a história de memória mesmo e, aí, pode haver alguma inconsistência.
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Um vereador de cidade seridoense tinha vários compadres como cabos eleitorais. E veio mais uma criança que ele foi chamado para ser padrinho. O pai, morto de feliz, era popularmente conhecido como Mané Cachorro.
Sem poder ir ao cartório fazer a certidão de nascimento do rebento, Mané Cachorro pediu ao padrinho que o fizesse. Queria que o filho se chamasse Junior, mas esqueceu de dizer ao compadre o seu nome verdadeiro.
Solícito, o padrinho foi ao cartório e quando o escrivão perguntou qual seria o nome da criança, não titubeou:
– Mané Cachorro Junior.
O escrivão explicou que não poderia registrar pessoa com nome de animal e foi imediatamente rebatido.
– Por que não pode? Tem ministro que se chama Jarbas Passarinho, cantora que é Nara Leão, senador que é Magalhães Pinto. Porque são ricos, podem. Mas Mané Cachorro Junior não pode, né?
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Em Parelhas, nasceu, em meados dos anos 1970, um filho de um amigo de Beto Rodenbourg.
Naquele tempo, havia um cigarro chamado LS e o orgulhoso pai resolveu registrar o pimpolho com o nome do cigarro.
Indignado, o escrivão disse que não faria isso de forma alguma, que letras soltas não podiam ser nome de gente, ao que o pai respondeu:
– O senhor diz isso porque eu sou pobre, porque o nome da irmã do prefeito é LN (Eliene) e o nome da mulher dele é AID (Haydee).