Candelária: de conjunto a bairro

por Sérgio Trindade foi publicado em 23.set.21

Oficialmente criado pela Lei n° 4.330, de 5 de abril de 1993, publicada no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994. o bairro de Candelária nasceu conjunto habitacional, empreendimento do Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais (INOCOOP/RN).

Antes de ser povoado, a região, segundo Itamar de Souza, em sua Nova História de Natal, esteve sob litígio, porque pelo Decreto Estadual 1.097, de 1942, vários terrenos foram desapropriados em Lagoa Nova e Capim Macio para uso do Exército. Uma área de 1.111 hectares (atual conjunto de Candelária e arredores), pertencente a seis pessoas, fazia parte desse quinhão e nunca foi efetivamente utilizada pelo Exército para treinamento de seus quadros. Diante disso, os seis proprietários entraram com ação na justiça para reaver o terreno. Ganha a causa em1969, mas diante da recusa do Exército em devolver a área, foi feito acordo, por meio do qual os ex-proprietários doaram “ao Exército uma ampla área fora de Natal” (terrenos em Punaú e Muriú), aceita pelo General Hildebrando de Assis Duque-Estrada, em 27 de novembro de 1970, o que permitiu o povoamento do que hoje é o bairro de Candelária, “construído sobre dunas aplainadas (…), ocupando uma área de 779,80 hectares”.

Entregue em 1975, o conjunto pariu quase duas décadas depois o bairro, que tem o seu nome ligado a uma estação de esqui, na Espanha, chamada Candelário, conforme registra Itamar de Souza.

As primeiras casas do conjunto (950) foram entregues em julho de 1975, ainda sem energia elétrica. Somente ao longo de 1975 e no primeiro semestre de 1976, com novas entregas de imóveis, foi que a vida do conjunto começou a ser normalizar. Persistiam, porém, segundo Itamar de Souza, as dificuldades de acesso, pois quem vinha à Candelária de qualquer parte de Natal e precisava de transporte público, descia nas imediações do Posto Planalto (instalado em 1974) e “seguia a pé, cortando o areal até chegar” ao conjunto.

Foram pouco mais de duas mil residências (2.140) entregues a famílias de classe média, a maioria oriunda de outros bairros de Natal, como Cidade Alta e Alecrim, e outras que chegavam do interior do estado (as últimas 140 unidades foram entregues em julho de 1977). Não havia edifícios, só casas. O comércio era praticamente inexistente. Compras, só em outros pontos da cidade. As ruas ainda estavam sendo pavimentadas e, por isso, os ônibus não entravam no conjunto. O que hoje é a avenida Prudente de Morais era conhecido como “pedregal”, por lembrar lugar ermo e inóspito que aparecia numa novela da época (o prolongamento da Prudente de Morais, que corta o conjunto ao meio, foi inaugurada em 14 de março de 1979). O Garrafão era o espaço mais popular de Candelária e ponto de encontro dos moradores e o local onde se concentrava o comércio (https://www.youtube.com/watch?v=f942p4Aq9h4).

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