“Esperteza, quando é demais, engole o dono”
Estava, semana passada, entrevistando Manoel de Medeiros Brito (segunda parte da série que irá ao ar no canal https://www.youtube.com/channel/UCyDZDwafway1JnpdQtTJpMQ), quando o entrevistado mencionou a campanha de 1954, um grande acordo político que pôs do mesmo lado as principais forças do estado, a saber, a UDN, liderada no estado por Dinarte Mariz, Aluízio Alves, José Augusto e outros, o PSD, que tinha Georgino Avelino como um de seus principais nomes, e o PSP, grupo que acomodava os cafeístas (partidários de Café Filho).
Naquele pleito seriam escolhidos dois senadores, e o então vice-presidente e logo presidente da república, Café Filho, bancou o acordão, sacramentado na casa do então governador Sylvio Pedroza, em Pirangi, e por isso mesmo batizado como Acordo de Pirangi.
Ali ficou decidido que Georgino Avelino, em busca da renovação do mandato, e Dinarte Mariz seriam os candidatos. A Café Filho coube indicar os suplentes: Reginaldo Fernandes e Sérgio Marinho.
Querendo atalhar o caminho em direção ao senado federal, Sérgio Marinho exigiu: “Quero ser o suplente de Georgino Avelino”. A opção dele decorria, comenta-se, pelo fato de o velho senador, que buscava a reeleição, estar muito doente e, portanto, também candidato em potencial a uma licença para tratamento de saúde ou algo ainda pior, o que lhe garantiria assento na câmara alta. Sem grande vaidade e com desprendimento, Reginaldo Fernandes apenas disse: “Eu serei o suplente de Dinarte. Para mim está ótimo.”
E assim foi feito.
No ano seguinte, 1955, Dinarte Mariz foi eleito governador de estado, e Reginaldo Fernandes assumiu, em 1956, a vaga no senado por sete anos. Enquanto isso, Sérgio Marinho aguardou até abril de 1959, quando Georgino Avelino morreu, para assumir sua vaga senatorial, por um período de menos de quatro anos.