Polêmicas sobre a padroeira de Natal, Nossa Senhora da Apresentação
Chegando a Natal em 21 de novembro de 1753 (ou 1736), conforme diz Câmara Cascudo, na sua História da Cidade do Natal, Nossa Senhora da Apresentação, padroeira de Natal, é Nossa Senhora do Rosário.
A primeira polêmica é quanto ao ano da chegada da santa a Natal, que segundo Cascudo, na obra acima mencionada, é 1736 ou 1753. A dúvida existe porque não “há documento dirimindo a questão”, restando apenas a “tradição oral, narrando o episódio e memórias velhas apontando datas, desacompanhada dos comprovantes”.
Entre as fontes orais, o historiador maior da cidade cita Joaquim Lourival Soares da Câmara (Panqueca), que viveu entre 1849 e 1926, e Francisco Gomes de Albuquerque e Silva (Chico Brito), nascido em 1858 e falecido em 1931. Este aponta o ano de 1736; aquele, o de 1753.
A imagem da santa veio vindo pelas águas do rio Potengi, numa caixa de madeira que ficou encalhada numa pedra à margem do rio, numa manhã de sexta-feira, e logo chamou a atenção de algumas pessoas que circulavam por aquelas bandas, nas imediações da Pedra do Rosário (na localidade há hoje uma réplica da santa esculpida em pedra sabão, posta sobre uma coluna de concreta com aproximadamente 3m de altura). Logo pescadores usaram um pequeno barco para resgatar o objeto que já era da curiosidade de muitas pessoas. Assim descreve Cascudo a cena: “Nessa manhã de 21 de novembro (…), dia santo por ser o da invocação da padroeira, quem passeava à margem do Potengi, ladeando a barranca vermelha onde se aprumava o casario humilde, enxergou, encalhado numa pedra no meio do rio, um caixãozinho de madeira, alcatroado. Podia ser um salvado de naufrágio e depressa remaram numa baiteira para a pedra que fica alguns metros da praia. Enquanto iam salvar o caixote crescera o número de desocupados e curiosos”.
Segunda polêmica: recolhida, a caixa foi transportada até a areia, onde foi aberta. Uma imagem de 50 a 60cm de altura, “bem encarnada e vistosa na pintura nova e viva”, surgiu diante dos olhos de todos – Nossa Senhora do Rosário. Trazia nos braços o menino Jesus “e estendia a mão, como se segurasse invisível objeto”. No caixãozinho ou numa fixa que envolvia a imagem havia a seguinte inscrição: “No ponto onde der este caixão não haverá nenhum perigo” (Panqueca) ou “Onde esta Santa parar nenhuma desgraça acontecerá” (Chico Brito).
O padre Manuel Correia Gomes, falecido em 1760, com 68 anos, conduziu a imagem da santa, já votada como Nossa Senhora da Apresentação, para a Igreja Matriz e solicitou “ao bispo de Pernambuco licença para a bênção e entronização do vulto de Nossa Senhora do Rosário que se apresentara para substituir o quadro representando a padroeira. Ficou sendo Nossa Senhora d’Apresentação no vulto de Nossa Senhora do Rosário”.
Todo dia 21 de novembro, às 5h da manhã, é celebrada a tradicional missa do Rosário.