Portugal, o infante D. Henrique e Pedro Álvares Cabral (1)
Muito provavelmente Pedro Álvares Cabral, que comandava a esquadra montada por D. Manuel, rei de Portugal, recebera uma “missão secreta”, para desviar-se do rumo das Índias até a área portuguesa delimitada pelo Tratado de Tordesilhas, com o objetivo de se certificar da existência de possíveis terras.
A esquadra que aportou nas costas do litoral brasileiro, a 22 de abril de 1500, dirigia-se às Índias para consolidar a presença portuguesa na região.
A terra achada, no dizer de Pero Vaz de Caminha, escrivão-mor da esquadra de Cabral “era muito formosa”, mas “nela até agora não podemos saber se haja ouro nem prata, nem nenhuma cousa de metal, nem de ferro, nem lho vimos”. Em face disso, a Coroa portuguesa, com um certo desapontamento, deixou por lá seus marcos de posse e virou-lhe as costas por muito tempo, dedicando-se prioritariamente às Índias, intento lusitano desde o início do último quarto do século XV.
No Brasil, batizado inicialmente como Ilha de Vera Cruz, só havia, segundo Hélio Vianna no primeiro volume da História do Brasil, “índios, papagaios e pau-brasil”.
Este último, apesar do seu valor comercial, não despertou tanta cobiça nos portugueses. O mesmo, porém, não se pode dizer dos franceses cujo rei, Francisco I, furioso afirmava: “Não conheço, no tratado de Adão, nenhuma cláusula que tenha dividido o mundo entre portugueses e espanhóis”.
A França usaria a costa brasileira para se abastecer de pau-brasil tornando-se, desta maneira, um problema espinhoso a ser resolvido pela diplomacia portuguesa.
A constante presença “de entrolopos franceses que se entregavam ao comércio clandestino do pau-brasil com os indígenas determinou a formação, ainda no reinado de D. Manuel, de armadas de guarda-costas, destinadas a reprimi-los”, o que obrigou à Coroa portuguesa – que mandara apenas duas expedições exploradoras ao nosso litoral – a organizar, sob o comando de Cristóvão Jacques, as expedições guarda-costas.
A nossa costa, no entanto, de grande dimensão, inviabilizava o projeto português, o que engendrou a solução proposta pelo próprio Cristóvão Jacques: iniciar o quanto antes o projeto de colonização.
A proposta recebeu o apoio de João de Melo da Câmara, descendente de família influente nas ilhas do Atlântico, bem como por eminentes portugueses que residiam fora do país, como o sábio Diogo de Gouveia e Simão Afonso.
Diante de tais manifestações, o rei D. João III abraçou a proposta e em 1530 enviou ao Brasil a expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa.
A aventura portuguesa que resultou no descobrimento do Brasil teve início, porém, quase um século antes, quando a possessão árabe de Ceuta, no norte da África foi conquistada, em 1415. Em meados do século XV, o infante D. Henrique e Ordem de Cristo ficaram responsáveis por “reter, administrar e legar as terras, portuguesas ou não” e as ilhas encontradas.
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