Gorjeta pequena
A roubalheira na Petrobras é imensa, os desvios são estratosféricos. Ali, empreiteiros, doleiros e políticos das mais variadas colorações ideológicas, de quase todas as agremiações políticas, meteram a mão, tomando recursos públicos como se privados fossem.
Ganho a vida como professor de História de província. Não sou operador do Direito. Por curiosidade, li muito sobre a Lava Jato (LJ). Li livros, sites, revistas e jornais, sem me importar se eram pró ou contra a mega-operação.
Há quatro semanas ando lendo manifestações de juristas sobre as ações da LJ e, de quebra, as formulações de Moro no processo que levou à condenação do ex-presidente Lula.
Repito: não sou operador do Direito, mas vi ao longo da manifestação do juiz Moro a indicação de ocultação de patrimônio.
Muitos amigos meus petistas, como eu já fui um dia, dizem que não há prova alguma de que o apartamento seja do ex-presidente, pois não registro algum de cartório. Ora, se o crime é de ocultação de patrimônio, não deveria haver mesmo, penso. Meus amigos insistem que um apartamento de R$ 1,3 milhão não é nada frente aos descalabros que ocorrem no Brasil. Concordo. Mas isso não exime o ex-presidente do erro. Além disso, há outros crimes atribuídos a ele e sobre os quais ainda correm investigações.
É sempre bom lembrar: o mafioso Al Capone, artífice ou beneficiário de crimes em série nos Estados Unidos do início do século passado foi colhido por um reles problema em sua declaração de renda. Era um troco frente às maldades por ele feitas ou patrocinadas, mas suficiente para pô-lo na cadeia.
Há quem advogue que estamos diante de um julgamento político, no qual Lula está sendo perseguido. Tão perseguido que terá direito, como reza a Constituição, a recorrer a todas as instâncias possíveis.
O julgamento se desenrolará logo mais e espero que os juízes possam decidir com sabedoria.
E que o Brasil possa (duvido que ocorra, mas torço) sair rapidamente do clima político envenenado em que vive.
Por Sérgio Trindade