Monty Python tupiniquim

por Sérgio Trindade foi publicado em 17.jun.23

Perícia feita em celulares de assessores do ex-presidente da república Jair Bolsonaro demonstram que havia movimentação, no seio do governo, para organizar um golpe de Estado (https://g1.globo.com/politica/blog/andreia-sadi/post/2023/06/16/ex-assessor-de-bolsonaro-subiu-na-cupula-do-congresso-no-8-de-janeiro-estou-no-meio-da-muvuca.ghtml); (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/06/documentos-encontrados-em-celular-de-ex-assessor-de-bolsonaro-indicam-plano-de-golpe-veja-integra.shtml); (https://www.gazetadopovo.com.br/republica/governo-pune-coronel-mensagem-a-assessor-de-bolsonaro-sugerindo-golpe/).

Entre os que se movimentavam estava o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, que buscava suporte jurídico e, par a tal, compilou estudos que tratam do uso das Forças Armadas para Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e dos Poderes Constitucionais com o intuito de promoção de um golpe de Estado. É o que está no relatório parcial de investigação da Polícia Federal, que apontou a existência de um documento apócrifo, com 66 páginas, identificado no celular de Cid com o nome Forças Armadas como poder moderador, traçando roteiro de ações para, após a decretação de um estado de sítio, dispositivo constitucional a ser acionado quando a ordem democrática está gravemente ameaçada, derrubar poderes constituídos e remover ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A trama urdida por Cid e outros militares, entre os quais o coronel Jean Lawand Junior, parece ter sido arquitetada, dado o tamanho do absurdo e o grau de comicidade, pelo Monty Python, grupo britânico que revolucionou a comédia, com interpretações ácidas que continham exposições críticas, piadas com duplo sentido e com referências teatrais, literárias, jornalísticas e mesmo filosóficas.

Não tinha como prosperar – e, claro, não prosperou.

É só o início das investigações, mas o que veio à tona põe os diretamente envolvidos e mesmo o ex-presidente Bolsonaro em situação desconfortável.

A defesa de Mauro Cid disse que as manifestações da defesa “serão feitas apenas nos autos do processo”, enquanto a de Bolsonaro informou, em nota, que os “diálogos revelados pela revista Veja comprovam, mais uma vez, que o presidente Bolsonaro jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado” e que o celular do ajudante de ordens do ex-presidente “por diversas ocasiões se transformou numa simples caixa de correspondência que registrava as mais diversas lamentações”.

Muita água passará sob a ponte, toda ela em direção a 2026.

posts relacionados
Logo do blog 'a história em detalhes'
por Sérgio Trindade
logo da agencia web escolar