O Brasil de Lula versus o Brasil anti-Lula
De onde vem a força política do Presidente de Lula?
Para entendê-la faz-se necessário olhar alguns dados que mostram a melhoria ou a percepção de melhoria da renda das camadas populares.
Muitos, incluindo os políticos profissionais, apostaram na derrocada de Lula, tragado por escândalos de corrupção no seu governo e no de sua sucessora, sem atentaram para a melhoria de vida das camadas mais pobres da sociedade – e aí quebraram a cara.
O erro de avaliação dos grupos oposicionistas jogou a favor do líder petista.
Depois, Lula passou um tempo no ostracismo e na cadeia e voltou à Presidência da República vencendo, no segundo turno, em 2022, o Presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
Lula não tem mais, é verdade, a força política do final de seu segundo mandato, em 2010. O Brasil e o mundo estão muito diferentes e o Presidente não acompanhou as mudanças, mas ele continua sendo uma liderança política de primeiro escalão, rivalizando com Bolsonaro.
O antilulismo e o antibolsonarismo são as duas únicas forças capazes de derrotar Lula e Bolsonaro.
Lula, apesar de o Brasil e o mundo estarem diferentes, segue forte porque é nordestino (no Nordeste ainda é a força política mais consistente), veio de baixo, consegue se fazer entender pelas massas e é bom de palanque.
Os mais pobres, que constituem a maioria da população, estão dizendo que estão melhor de vida. Ou pelo menos sentem-se em melhores condições.
Pode ser que essa melhoria não seja sustentável, mas isso não pode, ainda, ser aferido por quem a sente.
Ademais, política é também e principalmente momento. E o momento dos pobres tem sido mais agradável com Lula do que com outros presidentes, incluindo Bolsonaro. Pelo menos é a percepção deles.
Se é assim, por que mudar?
Sem dar bola para os casos de corrupção que varreram o PT e seus aliados, os mais pobres derramaram, em 2022, suas intenções de voto no candidato do PT, um dos partidos mais atingidos pelas denúncias de roubalheira.
Lula conseguiu desligar sua imagem da do partido da estrela vermelha e os números hoje atestam, tirando a gastança desenfreada do governo, que os pobres se sentem em condições de vida mais razoáveis, fruto de uma combinação de distribuição de renda com crescimento econômico, associados a medidas de cunho assistencialista como bolsa-família, pé-de-meia, aumento do salário-mínimo, queda da inflação e diminuição do desemprego.
O PT errou no passado porque desprezou a força do Plano Real – assim como a oposição parece errar ao apostar que, como o crescimento médio é ruim (e é mesmo), os pobres estão perdendo.
Em economia a percepção é, às vezes, mais valorizada do que a realidade.