O fundamento da democracia é a igualdade
Dois anos atrás eu conversava com alguns colegas de trabalho sobre a viabilidade da democracia no Brasil. Os mais à direita e os mais à esquerda propunham, com variações, saídas não liberais para os dramas nacionais. As falas são enfeitadas, cheias de perfumaria, mas o modelo proposto não esconde o ranço autoritário.
Não se faz democracia sem um quê de igualdade e algo de liberdade.
O francês Alexis de Tocqueville, um dos baluartes do pensamento democrático-liberal, expõe nos seus escritos a busca incessante pela possível coexistência harmônica entre o processo de desenvolvimento que leve a uma maior igualdade e a manutenção da liberdade.
Os liberais clássicos fincam pé na defesa da liberdade.
Tocqueville, analisando a formação democrática do jovem Estados Unidos ali na primeira metade do século XIX, tangenciando a liberdade, associa a democracia à igualdade. E salienta que a igualdade de que fala está para além econômica – estando no campo cultural e político. E conclui afirmando que no processo democrático um povo vem a se tornar cada vez mais homogêneo.
Como os povos não são iguais, a democracia construída estará assentada num processo igualitário que não poderá ser parado. Será a ação política, diz o pensador francês, que definirá se a democracia será liberal ou tirânica.
Autoritário, Vargas falava em democracia; autoritários, os generais-presidentes falavam em democracia.
A maior parte dos candidatos a presidente viáveis neste 2018, parece não haver um que gosta de liberdade. Todos namoram a tirania – às vezes a messiânica.
Por Sérgio Trindade