Os opostos se atraem
A Física diz que polos opostos se atraem.
A política, por estas bandas, confirma os manuais da ciência, como podemos verificar, uma vez mais, na eleição presidencial deste ano, quando Lula e Bolsonaro, opostos ideológicos, precisam um do outro para progredir eleitoralmente.
Pesquisadores acompanharam e mediram a temperatura, nas redes sociais, durante e depois do debate entre os presidenciáveis, na Band, domingo último, e constataram que a senadora Simone Tebet e Ciro Gomes tiveram mais menções positivas que a dupla líder nas pesquisas de intenção de voto, Lula e Bolsonaro.
Somente o andar da peleja eleitoral vai nos dizer se a postura dos dois candidatos, Simone e Ciro, produzirá algum efeito prático sobre o comportamento dos eleitores, mas mesmo ficando evidente a viabilidade discursiva de Ciro Gomes e de Simone Tebet, o eleitor brasileiro parece ter se decidido, antes mesmo de a lida começar de fato, por Lula e Bolsonaro.
Minha impressão pessoal é que Simone Tebet patinou, durante o debate, na militância feminista rasa e vazia, mas os internautas assim não avaliaram; ela e Ciro Gomes representaram (e representam) a possibilidade de quebrar a polarização ideológica que engolfa o quadro político e eleitoral brasileiro.
Eu, cá no meu canto, sou cético quanto à viabilidade eleitoral dos dois postulantes que se propõem a armar suas baterias contra a dupla Lula-Bolsonaro. Gostaria de estar errado e votarei contra a maré da polarização, mas o realismo político teima em reafirmar que aquilo pelo que eu torço, uma terceira via viável, não é o que irá ocorrer, pois a consciência e maturidade têm sido produtos escassos entre os cidadãos brasileiros; para ser correto com nossa história, tais qualidades quase nunca foram fartas entre nós.
A polarização entre Bolsonaro e Lula não é um dado da natureza, mas uma escolha do eleitor e do cidadão brasileiro, movido, como já disse o grande Sérgio Buarque de Holanda, pela emoção e quase nada pela razão.