Grande ano, derrota humilhante
Uma confusão se estabeleceu após a derrota do Fluminense para o Manchester City, 4 a 0, partida final do Mundial de Clubes 2023 e não me refiro à briga protagonizada por alguns jogadores do time brasileiro e do time inglês, mas ao raciocínio tortuoso de jornalistas e gente envolvida com futebol, segundo o qual o Fluminense teria jogado de igual para igual com o City, que o Fluminense teve um ano maravilhoso, que o Fluminense teria envolvido por 15 a 20 minutos o escrete dirigido por Guardiola, etc, etc e etc.
O Fluminense, time formado por uma mescla de veteranos e alguns jovens valores, teve um ano muito bom – não exatamente maravilhoso, conquistando o Campeonato Carioca e a Libertadores da América e tendo, pela conjuntura, desempenho satisfatório no Campeonato Brasileiro.
Também é verdadeiro que o Fluminense joga um futebol bonito e agradável de ver e com o futebol que joga está entre os melhores times do continente americano, o que não é lá grande coisa, tendo em vista o nível quase pedestre jogado nesta parte do mundo.
Liguei a televisão para assistir o confronto entre europeus e sul-americanos quando a partida ia para os 30 minutos do primeiro tempo e o City já vencia por 2 a 0 (depois assistir o tape completo da etapa inicial) e o que vi foi os britânicos passeando em campo, jogando sem pisar forte no acelerador, fazendo apenas o necessário para vencer… por quatro gols de diferença.
O longo período de domínio do Fluminense mencionado Fernando Diniz, o treinador do Fluminense, em entrevista coletiva ao final da peleja resumiu-se a trocas de bolas feitas no campo de defesa, às vezes nas imediações da área do tricolor do Rio de Janeiro.
A derrota do Fluminense por 4 a 0 (um placar eroticamente humilhante) demonstra cabalmente, como se ainda fosse necessário (o Flamengo foi eliminado na partida semifinal, no último mundial, performance semelhante ao do Atlético Mineiro na única vez que foi ao torneio; o Internacional e o Palmeiras também já foram eliminados na mesma fase), a fraqueza do futebol sul-americano, desfalcado de seus principais valores, exportados ainda muito jovens para os gramados europeus.
O nosso ufanismo antes era chato, mas havia motivo – tínhamos grandes craques jogando aqui, abaixo da Linha do Equador, e ainda assim perdíamos, vez por outra, para os times europeus. Hoje, quando os nossos bons valores são veteranos que não têm mais mercado por lá e um ou outro saindo do casulo, o nosso ufanismo é sina. De perder e perder. Às vezes de forma humilhante. De quatro. E não dá para festejar um 4 a 0 contra.