A CONMEBOL só quer ser o que não é

por Sérgio Trindade foi publicado em 03.nov.23

A confusão da final da Libertadores da América deste ano me fez lembrar uma frase de Dona Antônia Freire (Dona Neném Freire), matriarca de uma querida família de primos nascidos e criados em Florânia, Seridó potiguar.

Estavam todos (ou a maioria) dos filhos/filhas, genros, noras, netos e amigos (sou primo e amigo dos filhos de dona Neném Freire, viúva de Luiz Bezerra, primo legítimo de minha mãe) e falávamos sobre tradições e costumes da querida Florânia, quando dona Neném Freire proferiu uma frase que eu nunca esqueci, pela precisão e graça: “Florânia só quer ser Natal e Natal só quer ser o que não é.”

A CONMEBOL está assim, querendo ser o que não é. E faz tempo, a ponto de mimetizar o que faz a UEFA com os campeonatos e torneios que organiza.

Antes, a Libertadores da América era decidida em dois jogos, um na casa de cada finalista. De uns tempos para cá passou a ser como faz a UEFA com a final da Champions League, jogo único em estádio previamente definido.

Este ano a finalíssima será no Maracanã (é a segunda final no estádio, desde que a CONMEBOL passou a imitar a UEFA, a outra foi Santos X Palmeiras).

A América do Sul não é a Europa e a CONMEBOL, mesmo pensando ser a quintessência do mundo ludopédico, não é a UEFA. E o resultado está aí, com torcedores do Fluminense e do Boca Juniors, finalistas deste ano, trocando sopapos nas ruas e praias do Rio de Janeiro. Para piorar a coisa, o ex-jogador Romário, craque excepcional dentro de campo e polêmico fora dele, resolveu contribuir dando entrevistas com declarações deprimentes e temerárias sobre os argentinos.

Sem atentar para o fato de que não é mais jogador de futebol e que hoje tem mandato de senador pelo estado do Rio de Janeiro, Romário extrapolou e pôs gasolina na fogueira, ainda baixa mas que cresce de forma preocupante. Isso mesmo, uma autoridade da república brasileira desanca o povo de um país amigo, às vésperas de uma partida de futebol e o presidente do Senado fica mudo como uma porta (https://www.google.com/search?q=rom%C3%A1rio+fala+mal+dos+argentinos&tbm=isch&ved=2ahUKEwiT9rSyyKiCAxWCGxAIHTtJAqEQ2-cCegQIABAA&oq=rom%C3%A1rio+fala+mal+dos+argentinos&gs_lcp=CgNpbWcQAzoFCAAQgAQ6BwgAEIoFEEM6BAgAEB46BwgAEBMQgAQ6BggAEB4QEzoGCAAQBRAeOgYIABAIEB46BwgAEBgQgARQpQZY8ltg5V9oBXAAeASAAbcCiAGKU5IBBjItNDEuMZgBAKABAaoBC2d3cy13aXotaW1nsAEAwAEB&sclient=img&ei=H0pFZdPqNoK3wPAPu5KJiAo&bih=611&biw=1366#imgrc=Ed5XAr-liJVw7M).

Em reunião entre dirigentes da CONMEBOL, da CBF, da AFA e dos dois clubes que decidem sábado (04/11) a Libertadores-2023 ficou decidido que os portões serão abertos para as torcidas do Fluminense e do Boca, no Maracanã (sussurrava-se sobre a possibilidade de o jogo ser feito com portões fechados).

No entanto, se a temperatura entre os torcedores aumentar e os riscos forem grandes, podemos ter o jogo final sem torcedores no estádio e a máscara da UEFA que a CONMEBOL usa ser só isso, uma máscara.

Para encobrir mania de grandeza.

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