A sucessão de Cortez Pereira – parte 2
Dada a autofagia entre os seis integrantes da lista encaminhada ao Presidente Ernesto Geisel, para que, dali, fosse escolhido o homem que iria governar o Rio Grande do Norte, a ordem do Palácio do Planalto foi zerar o jogo e buscar outras opções.
Da primeira lista (Antônio Florêncio, Dix-huit Rosado, Geral Bezerra, Moacyr Duarte, Osmundo Faria e Reginaldo Teófilo), somente Osmundo, apadrinhado pelo ministro do Exército, general Dale Coutinho, sobreviveu. Os novos nomes eram Tarcísio Maia e Fernando Abbot Galvão, Um outro, Genário da Fonseca, foi vetado pelo governador Cortez Pereira.
A indicação do embaixador Fernando Abbott, à época trabalhando na Assessoria de Relações Públicas da Presidência da República (AERP), órgão de propaganda encarregado de divulgar os projetos do governo federal, provavelmente nasceu nos gabinetes do Palácio do Planalto. O mesmo ocorreu com Tarcísio Maia, incluído na lista por sugestão do chefe da Casa Civil, general Golbery do Couto e Silva.
A morte do general Dale Coutinho sepultou as pretensões de Osmundo Faria.
O senador Dinarte Mariz, abatido com a indicação de Osmundo, próximo a Aluízio Alves, seu desafeto, alertado por Djalma Marinho, entrou na luta e passou a apoiar o nome de Tarcísio Maia e, sabendo que Tarcísio era amigo pessoal do general Golbery do Couto e Silva, Dinarte procurou o chefe da Casa Civil de Presidência da República.
Golbery, informado da intenção do senador Dinarte, recebeu-o em seu gabinete e perguntou:
– Senador, por onde anda Tarcísio Maia? Seria um bom nome para governar o Rio Grande do Norte?
– Ótimo nome, ministro. É meu amigo e ainda é meu parente, respondeu Dinarte. Mas é bom ouvir o governador sobre o assunto, concluiu.
Tarcísio morava no Rio de Janeiro e foi informado por Dinarte sobre detalhes da conversa. Imediatamente telefonou para o governador Cortez Pereira, disse-lhe que seu nome estava na disputa, com apoios de Golbery e de Dinarte, e perguntou se ele, Cortez, faria objeção. O governador declarou que não e ali estava pavimentado o caminho de Tarcísio em direção ao Palácio Potengi, sede do governo do estado.
No início de junho de 1974, o governador Cortez Pereira viajou a Brasília para se reunir com o senador Petrônio Portela e fazer os ajustes finais, com a inclusão, por ordem superior, do nome de Tarcísio na lista dos governadoráveis.
Em maio, apenas Tarcísio Maia e Fernando Abbott ainda estavam no páreo, com chances maiores para o primeiro, visto o embaixador ser quase que totalmente desconhecido das forças políticas do estado.
Na reunião em Brasília, foi perguntado uma vez mais a Cortez se haveria veto de sua parte ao nome de Tarcísio. Como o governador confirmou, novamente, que não e reafirmou a amizade que o unia a Tarcísio desde os tempos da União Democrática Nacional (UDN), a escolha ficou praticamente sacramentada. Na tarde do mesmo dia 2 de junho, Tarcísio Maia foi comunicado por Golbery sobre a escolha do seu nome para governar o Rio Grande do Norte no quatriênio 1975-1979, sendo agendado o dia 4 de junho para o anúncio oficial.