Jornalismo de governo
O grande e imortal Millôr Fernandes tinha frase certeira (e de que gosto muito) para expressar seu sentimento acerca do que deveria ser jornalismo. Dizia Millôr: “Jornalismo é oposição, o resto é secos e molhados”.
É nítido que Millôr Fernandes exagerou, afinal o papel da imprensa não é atuar como veículo de oposição; tampouco deve ser correia de transmissão de governos. O seu papel essencial deveria ser o de buscar a verdade, de exprimir da maneira mais fiel possível a realidade, de fiscalizar o poder e não é o de servir a partidos ou grupos políticos, estejam eles alojadas em qualquer palácio governamental, em Brasília ou nas capitais dos estados ou nas sedes municipais.
Qualquer veículo de imprensa ou qualquer jornalista que esteja alinhado, em sua atividade profissional, a um partido político ou às forças do governo não estará fazendo bom jornalismo.
Infelizmente é o que mais testemunhamos no Brasil de Lula, como vimos, em volume e quantidade menores, no Brasil de Bolsonaro…
Semana passada chegamos ao cúmulo de ler e ouvir jornalistas chamando memes de fake news, numa clara demonstração de que parte da imprensa brasileira assumiu o papel de arquiteto de narrativas urdidas nos corredores dos palácios da capital federal.
Não é função da imprensa criar narrativas.
Culpar ataque especulativo ou memes pela alta do dólar é fábula em defesa do governo, acinte à checagem jornalística e corrupção dos valores que norteiam o verdadeiro jornalismo.
Uma rápida passada de vista nas telas de TV e nos vários veículos “impressos” do país entrega quem são os vendilhões de notícias.