Sobre fugas e mudanças de posição (Ou vamos relembrar)
Gosto muito de ouvir e de ler o que dizem as lideranças políticas e comparar com o que disseram em outros tempo.
Comparando, identifico as flagrantes contradições.
Andei fazendo isso com Lula e sua turma.
Vamos ver agora com Bolsonaro e sua turma.
Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, publicou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) decidiu se licenciar do mandato e ficar nos Estados Unidos.
Ele assim decidiu porque, pensa o parlamentar, o Brasil vive um período de exceção e ficando por lá ele poderá trabalhar para buscar punição para Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal.
O ex-Presidente Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, escreveu ontem, na X (antigo Twitter), o seguinte: “Se o deputado federal mais votado da história do Brasil é forçado a escolher entre o exílio ou a prisão, este país já não pode mais ser chamado de democracia. Quando a lei dá lugar à perseguição, o que temos é uma tirania escancarada – e agora o mundo todo está prestando atenção”.
Quando Jean Wyllys renunciou ao mandato de deputado federal e foi para o exterior, depois de receber ameaças dos partidários mais radicais de Bolsonaro, foi acusado de ser covarde e fujão.
É comum, entre membros da direita mais renhida, dizer que Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil não foram exilados pela regime autoritário de 1964, afinal saíram do país porque quiseram. Foram fujões. Não se considera, na análise, que o Brasil vivia sob um regime que tinha na mão um instrumento legal, o Ato Institucional nº 5, que dava guarida aos atos arbitrários do Estado.
Quanto ao deputado Eduardo Bolsonaro, como qualificá-lo?
Para os governistas, um covarde; para aliados, exilado político.
Sem querer comparar os períodos, para que não digam que estou fazendo falsa simetria, direita e esquerda morrem abraçadas pela língua.