Ótimo negacionista e mau alfaiate
Quando o Presidente Jair Bolsonaro tropeçava na língua e embaralhava-se no gestos, demonstrando despreparo político e administrativo e insensibilidade social, todos que a ele se opunham frontalmente gritavam que o ex-capitão era um negacionista, notadamente a partir da pandemia, entre 2020 e 2021.
Quatro/cinco anos depois, o ex-Presidente está inelegível e se prepara para enfrentar processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por fomentar um golpe de Estado, e o Presidente Lula solta algumas das pérolas mais expressivas do negacionismo científico.
Recentemente, no Rio Grande do Sul, Lula defendeu uma vez mais que a economia brasileira vai crescer acima das projeções feitas pelos economistas e que a população não deve acreditar no que chamou de “bobagem de macroeconomia”, área consolidada das Ciências Econômicas cujo pai é John Maynard Keynes autor do clássico A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (https://www.youtube.com/watch?v=ep_-QDHqHqg).
Nascida na década de 1930, quando o mundo experimentava a grande depressão, a Macroeconomia passou a analisar a economia de maneira integral, considerando variáveis como o produto interno bruto (PIB), produto nacional bruto (PNB), índices de desemprego e de pleno emprego, entre outros.
Em outros dias, não muito distantes, a fala abobalhada de Lula seria chamada de negacionista.
Lula é o tipo de governante que segue cartilha própria, quase que inteiramente intuitiva e distante de qualquer preceito técnico e científico. Mas não é, segundo áulicos e aliados, negacionista.
Lula é tão intuitivo que quando erra, lança a culpa dos próprios erros nas costas dos outros. Assim, intui o nosso Presidente, ninguém nota que ele errou.
Millor Fernandes dizia que o sistema comunista era “uma espécie de alfaiate que quando a roupa não fica boa faz alterações no cliente”. Assim é Lula: se o eleitor torce a cara para ele e seu governo, o petista não altera os rumos do governo e não se analisa e muda o rumo, proclama que o povo precisa ser reformado.
Quando fui petista, cansei de ouvir amigos e colegas dizendo que o povo votava nos mesmos porque não sabia votar. Aprendeu, segundo meus amigos e colegas, quando escolheu Lula, em 2002 e 2006, e Dilma em 2010 e 2014; desaprendeu em 2018 quando alçou Bolsonaro ao Palácio do Planalto e em todas as vezes que demonstrou insatisfação com os desmandos petistas.
Éramos como aquele rei despótico medieval que, quando não gostava da mensagem recebida, mandava matar o mensageiro.
A companheirada ainda é assim.