Vamos puxar cobra para os pés
Pouco depois da pandemia fui abordado por uma colega que sofria muito.
Ela estava, disse-me, sendo atacada e repelida por um desses espaços criados em instituições brasileiras para fazer justiça social e justiça histórica.
Os energúmenos do troço diziam que ela, uma das diletantes soldadas da coisa, não reunia os requisitos, os quais me desobrigo de mencionar, para estar nos quadros da nomenklatura.
Logo ela, uma radical defensora dos oprimidos, seria oprimida pelo oprimidos.
A ironia era tanta que um colega e amigo, ali acompanhando a conversa, cantou um trecho de Será, de Legião Urbana:
“Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação?
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Pra que esse nosso egoísmo
Não destrua nossos corações”.
A lembrança do caso aflorou quando li sobre o drama de Sílvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos do governo Lula e artífice engajado da teia identitária que hoje o envolve e massacra.
Sílvio tenta escapar e finge não ter costurado a malha da qual agora é vítima.
A mania de puxar cobra pros pés dá nisso. Jararacas e cascavéis não têm amigos. E Sílvio parece não ter soro para se curar da peçonha.