Camarão não é zebra

por Sérgio Trindade foi publicado em 02.dez.22

Depois da derrota da seleção brasileira para a seleção de Camarões, pipocam análises nas TVs, nos sites, etc afirmando que a zebra passeou, de novo, nos gramados do Catar.

Quando você é favorito, mas entra com time reserva contra outro que joga o jogo da vida, qualquer deslize, por menor que seja, é perigoso. Num torneio como é uma copa do mundo, um erro mínimo pode ter custo alto.

Houve certo sofrimento nas duas primeiras partidas, contra a Sérvia e a Suíça, vitórias de 2 a 0 e 1 a 0, mesmo as duas seleções europeias não ameaçando a meta brasileira. Se elas não chegaram ao nosso gol, tivemos dificuldades em romper o sistema defensivo deles. Mesmo assim, os seis pontos conquistados permitiram a Tite poupar os titulares, pois a perda da primeira colocação no grupo dependia de uma combinação de resultados difícil de ocorrer.

A copa do mundo do Catar tem, até aqui, nível sofrível, tanto que o Brasil de Tite, jogando um futebol burocrático e maçante, é um dos principais favoritos.  O time reserva, que hoje jogou no ataque e chegou até a ser mais intenso do que o onze titular, é tecnicamente apenas razoável, bem abaixo time principal.

Por um gol mantivemos a dianteira no grupo e vamos enfrentar, nas oitavas-de-final, a Coreia do Sul, que é do mesmo nível do escrete africano que nos venceu hoje.

Entraremos com o time titular, talvez sem Neymar, disparado nosso melhor jogador. Caso Neymar entre em campo não estará em suas melhores condições físicas. Provavelmente Alex Sandro e Danilo retornam.

Opções que pareciam alvissareiras, como Antony, Rodrigo e Bruno Guimarães, não estiveram bem na peleja de hoje. Gabriel Jesus, que é bom jogador, segue com desempenho da copa de 2018, ou seja, sofrível. Gabriel Martineli fez boa partida, entretanto joga justamente na zona de campo em que hoje temos excesso.

Perdemos Alex Teles, machucado. Daniel Alves mostrou que é ex-jogador que continua, por teimosia, jogando.

Perder com o time B para o time A de Camarões não é zebra. Mas se o Brasil quiser manter o equino das savanas africanas distante de seus jogos deve precaver-se contra a Coreia do Sul, que não é mais uma adolescente em mundiais.

Vale o clichê: não tem mais bobo no futebol. As zebras, nesta copa, demonstram isso.

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