O pobre futebol do Brasil contra Costa Rica
O filósofo grego Diógenes andava com uma lanterna durante o dia tentando encontrar um homem que fosse digno de assim ser chamado. Conta-se que chegou a desafiar até Alexandre Magno.
Desde a copa de 2006 que ponho óculos para assistir aos jogos da seleção canarinho, tentando descobrir futebol nas partidas disputadas. Os meus óculos desempenham a função que um dia a lanterna de Diógenes desempenhou.
Ontem, a seleção brasileira enfrentou o selecionado da Costa Rica, em partida de nível técnico sofrível; adormeci pelo meio do segundo tempo e destruí, provavelmente rolando por cima, os meus pincinês. Talvez por estar sem os óculos eu não tenha notado o vistoso jogo do escrete nacional.
O selecionado da América Central pôs nove jogadores de sua intermediária para trás e dois atacantes aguardando uma bola perdida para investir em direção à baliza brasileira.
Dorival Junior, cauteloso beirando a covardia, escalou o time com dois zagueiros de área e dois volantes para conter o poderoso ataque costa-riquenho, formado por dois solitários atacantes, um deles mais enfiado entre os zagueiros e o outro flutuando. E jogou assim por aproximadamente setenta minutos. Insistiu com Raphinha, jogador mediano que, entre os anos 1970-90, seria opção razoável para o ataque do Americano de Campos ou o XV de Piracicaba.
Vinícius Junior, cópia mal ajambrada do jogador do Real Madrid, posa de galo mas é, por ora, apenas frangote ciscador. No terreiro, some apanhando de galos, frangos e galinhas. A dupla de volantes, Bruno Guimarães e João Gomes, joga onde um dia jogaram Dunga, Mauro Silva, César Sampaio, Zito, Dino Sani, Clodoaldo, Zé Carlos, Falcão, Cerezo… Dão passes laterais certos de cinco metros e para frente sempre errados. Paquetá, craque bet e responsável pela criação e armação no meio-campo, é ligado em corrente contínua com frequentes curtos-circuitos – não arma nem quixó para pegar preá e mocó.
Como o pantanal brasileiro devorado pela seca e pelo fogo, o futebol do time de Dorival Junior joga futebol desidratado, responsável por queimar o restinho do respeito e prestígio que as camisetas amarelas tinham quando envergadas por gente que sabia o que fazia, dentro de campo, com os pés e a cabeça.