Um Rio que já foi Grande

por Sérgio Trindade foi publicado em 18.ago.19

Acompanho futebol desde 1974.

Fui a primeira vez ao Estádio Humberto de Alencar Castelo Branco, Castelão, depois João Cláudio de Vasconcelos Machado, Machadão, em 1975, para assistir América versus São Paulo, pelo campeonato brasileiro daquele ano.

Em campo o São Paulo venceu, de virada, o alvirrubro potiguar, 4 a 3.

De lá até o início da série C deste ano, fui um torcedor que nunca deixou de frequentar os estádios, para assistir a jogos dos nossos clubes.

Até aos jogos do América, rival do ABC, eu ia. Quando o time rubro disputava a séria A do brasileiro.

Do Castelão ao Frasqueirão, nunca abandonei o ABC.

Quando Fernando Suassuna assumiu a presidência do Mais Querido, olhei com desconfiança. E ela só aumentou ao longo do campeonato estadual deste ano e chegou ao limite no jogo em que o ABC perdeu, de virada, para o Botafogo-PB e, de quebra, o telhado do espaço reservado às cadeiras, que estava em obras, quase caiu na cabeça dos torcedores.

Naquele instante eu acabei de perceber que o ABC é presidido por um homem que desrespeita o maior patrimônio que o clube tem, o seu torcedor. Pior, médico conceituado na cidade, fez pouco caso da vida humana, pondo em risco a vida de centenas de torcedores.

A queda do ABC confirma, pelo futebol, o desastre de um Rio que um dia foi Grande.

O Rio Grande do Norte já teve o América na série A e o ABC subindo da C para a B; teve os dois na B e, já em queda, na C.

Em 2020, ABC e América estarão na série D do campeonato brasileiro. Um futebol de várzea.

O futebol do Rio Grande do Norte era, até meados da década passada e mesmo na metade desta, igual ao do Ceará. Perdia para Bahia e Pernambuco. Ainda assim, os nossos clubes não faziam vergonha contra baianos e pernambucanos. Vez por outra beliscávamos bons resultados.

Os clubes de Alagoas, Maranhão, Paraíba, Piauí e Sergipe eram nossos fregueses. Nós os víamos apenas pelo retrovisor.

Hoje, os times Rio Grande do Norte perdem para todos os dos estados nordestinos e ombreiam, como me disse um grande amigo, com os estados nortistas, antigos Territórios.

A catástrofe no futebol do nosso estado reflete o deprimente momento que vive o Rio Grande do Norte: incompetência no futebol, na economia, na política…

Politicagem em tudo.

 

 

Por Sérgio Trindade

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