A aluna, a professora-reitora e a liberdade de expressão
No último dia 27, a Polícia Federal (PF), por meio do delegado Igor de Miranda Goes Chagas, intimou a coordenadora-geral do DCE da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Ana Flávia Oliveira Barbosa de Lira, por críticas endereçadas à professora Ludmilla Carvalho Serafim de Oliveira, nomeada reitora da referida universidade https://www.blogdobg.com.br/coordenadora-do-dce-da-ufersa-que-chamou-a-reitora-nomeada-de-golpista-e-intimada-pela-pf-a-depor/
Desde que o assunto se espalhou pela web, já ouvi e li gente dizendo que a jovem líder estudantil errou e acertou, que a reitora está certa e errada, que a liberdade de expressão está ameaçada com essa medida autoritária, etc.
Sou inteiramente favorável à plena liberdade de manifestação e de expressão. Mas há um preço a pagar: ela não pode ser instrumento para passar por cima de tudo e de todos. Quem a exerce não pode atropelar os direitos de outrem. Se o fizer, que se explique. E a justiça é o espaço, por excelência, para resolver contenciosos.
Uma intimação ou uma interpelação serve para que uma pessoa que se sinta injuriado, difamado e ameaçado por outra possa exigir reparação.
Em áudio que circulou nas redes sociais, Ana Flávia se posiciona sobre a nomeação de Ludmilla Carvalho, segundo documento da PF chamando-a de “‘golpista’ e ‘interventora’” e proferindo “ameaça contra a liberdade de locomoção e contra o regular exercício da função pública da notificante” https://www.blogdobg.com.br/coordenadora-do-dce-da-ufersa-chama-bolsonaro-de-miliciano-e-reitora-nomeada-de-golpista-faz-ameacas-e-promete-luta/
A professora Ludmilla foi terceira colocada na eleição para reitor da UFERSA e, conforme determina a lei, foi escolhida numa lista tríplice, pelo Presidente Jair Bolsonaro, para mandato de quatro anos à frente da instituição.
Em nota emitida domingo (30), o Diretório Central dos Estudantes discorreu sobre a intimação de Ana Flávia e afirma sofrer perseguição.
Há um custo político no movimento político da reitora e imagino que saiba qual é. Cabe a ela e aos seus auxiliares averiguarem se os benefícios advindos do ato são mais vantajosos do que os custos.
A propósito, ouvi o que Ana Flávia falou e adianto: eu faria o mesmo que Ludmilla fez e deixaria à justiça a tarefa de definir se houve excessos.
É assim que funciona na democracia.