A marcha da insensatez
O título acima é um trocadilho, adianto.
Não fui à marcha e ao ato a favor da educação pública. Vi que o movimento foi parcialmente sequestrado pela turma do “Lula Livre”.
Também não fui à marcha e ao ato a favor de pautas do governo Bolsonaro, a saber, a reforma da previdência e o pacote anti-crime. Vi em meio à turma gente carregando cartazes com dizeres a favor do fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, entre outras barbaridades.
Não estranho. Afinal, num evento que mobiliza milhares de pessoas é praticamente impossível não ter entre os participantes alguns doidivanas com pautas amalucadas.
Lendo textos postados na internet sobre os movimento acima citados, vi que cada lado usou de subterfúgios para desmerecer a movimentação do outro. Choveram posts com fotos mostrando as concentrações quando o movimento ainda estava sendo montado, pra mostrar o quão esquálidas elas eram.
Os produtores de fakenews estão de lado a lado. São ambidestros.
O maior problema do Brasil, neste momento, é a incapacidade de diálogo entre pessoas que, mesmo com posições divergentes, têm compromisso inegável com os valores democráticos.
Chamar adversários de fascistas e comunistas virou uma muleta retórica.
Transcrevo algumas palavras de um amigo:
“No festival de canalhices e/ou estultices que li, ouvi e vi, resolveram colocar todos no mesmo balaio totalitário, seja no balaio comunista ou no balaio fascista.
Não perco mais tempo em tentar explicar, o que é fascismo, nem o que é comunismo.
Hoje, somente me limito a indicar boas leituras.
Há comunista que se ignora comunista. E ignora a experiência histórica do comunismo.
Há fascista que se ignora fascista. E ignora a experiência histórica do fascismo.
“Comunista” e “fascista” se tornaram acusações graciosas.
Antes de ser jurista, eu sempre me devotei à História. E o que tenho lido, visto e ouvido dos inocentes úteis é fruto da ignorância em torno da História.
Não me peçam para crer no princípio da infalibilidade do líder.”
É assim que estamos. Numa competição insana para saber quem põe mais gente na rua, numa espécie de campeonato nacional de movimentação de rua” e atacando os que pensam diferente de nós como se fossem a encarnação do mal.
Isso não dará em boa coisa.
Por Sérgio Trindade