A gripe espanhola e a origem da caipirinha

por Sérgio Trindade foi publicado em 01.abr.20

A gripe espanhola escancarou uma deficiência grave do Brasil: os pobres estavam inteiramente desassistidos.

Não havia hospitais públicos e quem conseguiu, aos atropelos, prestar assistência à população mais carente foram as Santas Casas e a Cruz Vermelha.

Quando as vítimas da gripe espanhola começaram a aumentar, as autoridades sentiram-se impotentes e a população começou a se desesperar.

Em meio à impotência e ao desespero, proliferaram manifestações e tentativas desencontradas para encontrar uma solução milagrosa que aliviasse o sofrimento dos doentes e para distribuir remédios para os mais pobres. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2005000500040

Paralelamente à atuação de abnegados que prestavam assistência aos doentes, havia os que buscavam tirar vantagem da situação vendendo produtos e remédios inúteis.

O pânico da população era manipulado e permitia que profetas do apocalipse e espertalhões vicejassem.

Os jornais do Rio de Janeiro anunciavam remédios milagrosos (água tônica com quinino, confeitos à base de ervas, purgantes misturados com canela) para prevenir e curar a gripe.

A procura por tais produtos era imensa e as farmácias põem os preços nas alturas, obrigando as autoridades a tabelarem os preços dos remédios.

Em Natal, remédios como Kolyohimbina, Puritol e Bálsamo Philantropico prometiam a cura imediata milagrosa, e a Farmácia Torres chegou a anunciar a venda de um preservativo que deveria ser utilizado durante o ato sexual, para evitar o contágio. https://tokdehistoria.com.br/2011/03/19/1918-quando-a-gripe-espanhola-atacou-natal/

Com o aumento do número de casos, as soluções caseiras começaram a pipocar: lavagens intestinais com água morna, chá de pimenta com glicerina, magnésia fluida com briônia, entre outras.

No interior de São Paulo, a população em peso recorreu a um remédio caseiro feito inicialmente com limão e mel.

Como caiu no gosto popular, o preço do limão subiu rapidamente e a fruta sumiu das mercearias e bodegas.

Ao xarope feito à base de limão e mel é acrescentado o alho e, em seguida, a cachaça porque, dizia a sabedoria popular, acelerava o processo terapêutico. https://pfarma.com.br/noticia-setor-farmaceutico/saude/5331-gripe-espanhola.html

Com o tempo, o alho e o mel foram retirados e o que era um xarope transformou-se no drinque brasileiro mais famoso.

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