Arnon Andrade: o adeus do Professor

por Sérgio Trindade foi publicado em 23.set.24

Preparava-me na noite de ontem para escrever sobre o final da rodada do campeonato brasileiro da série A, quando recebi mensagem de uma pessoa muito querida informando-me do falecimento do professor Arnon Andrade.

Esqueci o que ia escrever e fiquei pensando nos poucos momentos que desfrutei da convivência com o professor da UFRN e torcedor do Bahia, Arnon Andrade.

Arnon foi professor por mais de três décadas do Departamento e Educação da UFRN, universidade que ajudou a tornar grande e na qual desempenhou várias funções.

Competente e carismático, agradável e atencioso, tinha, como descreveu uma colega minha, “sorriso acolhedor, que exalava paz”.

Excelente papo, descontraído, extrovertido e de riso farto, o professor Arnon, fascinado por tecnologia mas descrente do papel messiânico que ela pudesse desempenhar na educação, teve papel de destaque em vários projetos, entre os quais o inovador projeto Satélite Avançado de Comunicações Interdisciplinares (SACI), o qual introduziu a televisão como instrumento de educação à distância. O piloto começou nas escolas do Rio Grande do Norte transmitidos através do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e viabilizados por meio do Sistema de Teleducação do Rio Grande do Norte (SITERN), tornando-se a semente do que veio a ser depois a TV Universitária (TVU).

Além de um dos responsáveis pela estruturação da TVU, então a única em atividade no Rio Grande do Norte, Arnon, como Pro-Reitor de Extensão deu o pontapé inicial para outros projetos: Trilhas Potiguares, o Probasica, Cientec, etc.

Apaixonado por futebol, contou-me que chegando a Natal (não lembrava exatamente o ano, talvez 1973 ou 1976) deparou-se com os festejos de torcedores do ABC, nas imediações do então Estádio Castelão, pela conquista do campeonato estadual. Curioso e fascinado pela romaria da massa, perguntou a torcedores sobre o rival do ABC. Sabendo ser o América, tornou-se abecedista, time de massa e o correspondente ao seu Baêa, o tricolor da Boa Terra.

Em 1977, diretor da TVU, cedeu as imagens do jogo final do campeonato – que terminou em briga generalizada e foi decidido somente nos tribunais – à TV Globo, que as passou nos Gols do Fantástico, quadro que encerrava o programa de grande audiência da televisão de Roberto Marinho, por quem Arnon não tinha apreço algum. Foi a primeira vez que o Rio Grande do Norte foi exibido no programa. Detalhe: o jogo ficou no zero a zero.

Homem de história reta e digna, deixa lacuna imensa na vida de todos que com ele conviveram.

Que sua esposa, dona Iraci, os filhos Ion e Iesu, netos, noras, demais familiares e amigos sintam-se abraçados e reconfortados

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