Lula, o Congresso, as ruas e as redes

por Sérgio Trindade foi publicado em 31.maio.24

O governo chefiado pelo Presidente Lula perdeu feio no Congresso nesta semana, em duas votações (https://www.metropoles.com/brasil/derrota-do-governo-lula-no-congresso-vira-piada-na-oposicao).

Ambas as derrotas ocorreram na terça-feira (28).

Primeiro foi a derrubada do veto presidencial à proibição das saidinha dos presos, com placar de 314 a 126 na Câmara de Deputados (duas abstenções), e 52 a 11, no Senado (uma abstenção). Voltou a valer o sentido do texto aprovado originalmente, a saber, terá direito ao benefício da saída temporária o detento em regime semiaberto apenas para estudar (curso supletivo profissionalizante, ensino médio ou superior).

Na sequência, o governo federal não conseguiu derrubar o veto do ex-Presidente Bolsonaro ao dispositivo que criminalizava as fake news durante as eleições. A votação na Câmara de Deputados teve placar de 317 pela manutenção contra 139 contrários (quatro abstenções) na Câmara de Deputados. Como o veto foi mantido, a matéria não seguiu para o Senado.

Muitos estranharam as derrotas de Lula, terça-feira, no Parlamento, esquecendo-se que  Presidente não foi eleito para governar apenas com o partido dele. Lula venceu Bolsonaro, em 2022, por margem curta 50,90% (59.563.912 votos) contra 49,10% (57.675.427 votos) (https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/Outubro/lula-e-eleito-novamente-presidente-da-republica-do-brasil). A eleição de Lula, porém, é bom lembrar, não foi bem uma vitória de Lula, mas a derrota de Jair Bolsonaro, Presidente que tentava emplacar reeleição. De outra forma: grande parte dos votos de Lula foram conquistados porque o eleitor votou contra a renovação do mandato de Bolsonaro (https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2022/09/22/antibolsonarismo-cresce-e-supera-numeros-do-antilulismo-diz-pesquisa.htm).

Além disso, também não devemos esquecer que o Partido dos Trabalhadores (PT) perdeu, em 2022, a eleição para o Congresso Nacional. A Federação Brasil da Esperança (FE Brasil), que inclui o PT, PV e PCdoB, elegeu 80 deputados (12 a mais do que os 68 que as legendas tinham), formou a segunda maior bancada na Câmara de Deputados. No entanto, o Partido Liberal (PL), do ex-Presidente Bolsonaro, que já tinha a maior bancada na Casa, com 76 deputados federais, ocupou 99 assentos. Depois vieram União Brasil (58), PP (47), MDB (42), PSD (42), Republicanos (41), Federação PSDB/Cidadania (18), PDT (17), PSB (14), Federação PSOL/Rede (14), Podemos (12), Avante (7), PSC (4), Solidariedade (4), Patri (4), Novo (3), PROS (3) e PTB (1). As bancadas formadas no Senado não fogem muito ao verificado na Câmara. O PL formou a maior bancada, com 13 senadores, seguido pelo União Brasil (12), MDB (10), PSD (10), PT (9)… (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/10/entenda-a-eleicao-para-o-congresso-em-6-graficos.shtml); (https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63115390). Houve alterações entre 2023 e 2024, nada entretanto muito discrepante do resultado saído das urnas.

O governo federal passa, no momento, segundo pesquisas de opinião, por queda na aprovação popular. As ruas, a despeito da vitória em 2022, já não eram do PT.

O que sobrou?

Esbravejar nas redes sociais contra os adversários e, pior, contra analistas sérios que tentam, desde o início, mostrar que o(s) caminho(s) trilhado(s) está(ão) equivocado(s).

Ou mudam, governo e acólitos, a postura ou perderão o que ainda resta de apoio fora da bolha.

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