Os famosos e a gripe espanhola
Recentemente, o Fantástico, da Rede Globo, fez programa mostrando como anônimos e famosos reagem à pandemia de coronavírus que assola o mundo.https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2020/03/15/brasileiros-anonimos-e-famosos-contam-ao-fantastico-como-e-estar-com-o-novo-coronavirus.ghtml
Epidemias e pandemias não escolhem vítimas, como é possível constatar em tempo real.
O primeiro-ministro e o herdeiro do trono britânico, ministros de estado no Brasil, astros de cinema e dos esportes, etc, já andaram ou andam na companhia do coronavírus.
Nenhum ainda morreu.
Em 1918, a gripe espanhola ceifou milhões de vidas no mundo.
Os números são imprecisos e apontam algo entre 30 e 50 milhões de vítimas fatais.
Personalidades no Brasil e no mundo contraíram à moléstia.
O produtor cinematográfico, cineasta, diretor e roteirista Walt Disney, os pintores Edvard Munch e Georgia O’Keeffe, as estrelas do cinema-mudo Mary Pickford e Lillian Gish foram vítimas que escaparam da morte; outros, como o dramaturgo Edmond Rostand, o poeta Guillaume Apollinaire e um dos pais da sociologia, o alemão Max Weber, não tiveram a mesma sorte.
O Brasil teve entre 30 mil e 50 mil vítimas fatais, sendo a mais famosa (há dúvidas sobre o fato) o presidente eleito, Rodrigues Alves, falecido em janeiro de 1919. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2020/03/anonimos-e-famosos.shtml
Olympio Nogueira, estrela do teatro e da música no Rio de Janeiro, e Belford Duarte, craque do América do Rio e considerado um dos mais disciplinados e leais do futebol, tanto que até hoje os jogadores com maior far play com o Prêmio Belfort Duarte, instituído em meados da década de 1940, tiveram a vida abreviada pela espanhola, como a doença passou a ser chamada no Brasil.
Aqui em Natal, as famílias mais abastadas não aceitam que se divulgue a causa da morte de seus entes queridos. Provavelmente a vítima mais famosa seja o desembargador Vicente Lemos. https://tokdehistoria.com.br/2011/03/19/1918-quando-a-gripe-espanhola-atacou-natal/
Epidemias e pandemias escancararam e escancaram a deficiência grave do sistema de saúde brasileiro. Os pobres estiveram e estão ao deus-dará.
Não havia hospitais públicos no Brasil de 1918.
Quando as pessoas contraíam a espanhola não era raro buscarem socorro nas delegacias de polícia.
As Santas Casas e a Cruz Vermelha foram as instituições que mais prestaram assistência aos mais carentes.
Hoje, a maioria dos hospitais públicos está sucateada e os governos estaduais e federal correm contra o tempo para organizá-los minimamente e para preparar hospitais de campanha que possam ser utilizados no socorro às vítimas do coronavírus.
Aprendemos pouco com o passado e ele sempre volta para nos assombrar.