O centro será alvo

por Sérgio Trindade foi publicado em 01.mar.25

Até 2014, a polarização política era entre o PT e o PSDB, o primeiro mais à esquerda e o segundo da centro-esquerda para a centro-direita, ainda que o pessoal da esquerda tenha insistido na ideia de que o PSDB era de direita.

Até aquele ano, as eleições eram motivo de expectativa e esperança.

Dali para frente a coisa mudou muito, em grande medida em virtude das mobilizações que arrastaram multidões às ruas das grandes cidades do país e principalmente em virtude do impeachment de Dilma Rousseff, que parte da esquerda insiste em chamar de golpe de Estado, termo tão banalizado e desgastado quanto fascista e comunista.

A eleição de 2018 foi, para parte considerável da sociedade, sinônimo de receio e dali em diante os pleitos eleitorais foram se tornando momentos de ansiedade e apreensão para saber quem será o “salvador da pátria” escolhido pelo eleitor.

Parece que seguimos um caminho sem volta.

De um lado o queremismo torto, insuflado pelos entusiastas fanatizados do que chamam de mito; de outro, os fanáticos que enxergam num outro tipo de mito, uma ressurreição do pai dos pobres, o único caminho para a sobrevivência do que chamam de democracia. Ao centro, uma maioria arruinada pela exaltação de devotos políticos e que se recusa a ir às urnas ou que vota nulo/branco e, por isso, é chamada de isentona e, por isso, cúmplice com a escolha de um deles – no momento acusada de ter alçado Lula ao Palácio do Planalto e em 2018 de ter permitido a ascensão de Bolsonaro.

O centro, não o Centrão, será novamente alvo da esquerda brazuca e – provavelmente da direita, caso Jair Bolsonaro possa, hipótese improvável, concorrer em 2026.

Podem se preparar.

Vão começar os sórdidos ataques a qualquer tentativa de articulação de um centro democrático e a qualquer indivíduo que ouse se contrapor aos polos contendores. Todos deste espectro político serão apontados daqui para frente, aguardem, por radicais petistas e bolsonaristas como inimigos (inimigos, não adversários).

Quem puser a cabeça de fora cedo demais será detonado pelos dois lados, não tenham dúvidas.

Sou dos que pensam que o centro democrático é o caminho e por este motivo recebi todo tipo de achincalhe, devidamente rebatido, na instituição em que trabalho (vou voltar, no momento oportuno, a este tema).

Para que o centro democrático seja opção a ser considerada, é necessário que se reinvente. Ainda tem muita energia baixa. E para derrotar o petismo e o bolsonarismo – ou pelo menos diminuir muito da força deles – somente gente enérgica e disposta a confrontar e apontar as mazelas e as fraquezas que os dois polos carregam.

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