O imbróglio que levou a cangaceira Lídia à morte
Lídia é considerada por praticamente todos que vivenciaram o cangaço como a mais bela mulher que entrou naquela vida errante.
A morte dela, pelas mãos de Zé Baiano, por causa de uma traição com o cangaceiro Bem-Te-Vi, é uma das páginas mais tocantes daquele período de violência e tropelias pelas caatingas.
Vivendo com Zé Baiano, um dos mais valentes, cruéis e sádicos cangaceiros, Lídia era tratada como uma rainha por ele, que fazia questão de demonstrar todo o carinho que tinha pela mulher.
Zé Baiano escolhia os melhores pedaços de carne, dava comida e água na sua boca, limpando-a, depois, com guardanapo de linho, extrema sofisticação naquela ambiente rude do sertão.
Lídia, fogosa como era, queria mais.
E quando Zé Baiano viajava, ela o traía com companheiro(s) solteiro(s) do bando.
Era sabido por quase todos, mas ninguém ousava comentar, até o dia que o cangaceiro Coqueiro flagrou Lídia com Bem-Te-Vi em pleno coito no meio do mato.
O romance entre Bem-Te-Vi e Lídia parece ter sido longo, e não somente um escapulida solitária.
Bonito, alto, loiro e educado, Bem-Te-Vi era o oposto de Zé Baiano.
Flagrado o casal, Coqueiro quis participar da brincadeira, mas foi rechaçado por Lídia, resolvendo, então, denunciá-la.
Quando Zé Baiano retornou da missão dada por Lampião, Coqueiro contou o que presenciou.
Como não perdoava delatores, Lampião matou Coqueiro e deixou para que Zé Baiano decidisse o que devia ser feito com Lídia.
À moda sertaneja, o cruel cangaceiro, que ferrava as mulheres no rosto com suas iniciais, deixou a mulher amarrada, num umbuzeiro, durante toda a noite.
Lídia apelou para Lampião e Maria Bonita, mas o casal não interferiu.
Ao amanhecer, a bela cangaceira foi morta a pauladas.
O seu rosto ficou desfigurado.
Zé Baiano a enterrou numa cova rasa e, depois, chorou feito criança.