Leite com manga
Existem muitas lendas sobre os riscos de misturar alimentos.
Criança, em Florânia, Seridó potiguar, eu ouvia: “Não pode chupar tamarina e depois beber leite”, “Se engolir chiclete, ele ficará preso às paredes do estômago”, entre outras.
Tais lenda terminam sendo responsáveis por um sem-número de causos e o que segue abaixo é um deles.
Corriam os anos 1970 e dois alunos do curso de Engenharia Civil, da UFRN, que à época funcionava ali nas imediações da BR-101, saíram, ao meio-dia, correndo da última aula do período da manhã, para pegar o ônibus, que chegaria à parada, próximo ao local onde hoje é SESC de Potilândia, por volta das 12h15min.
Como ambos moravam na Cidade Alta, se perdessem o coletivo chegariam atrasados para a aula do turno vespertino, que começaria às 14h30min.
Chegaram ao ponto uns minutinhos antes do ônibus que, como de costume, vinha lotado.
Seguiram em pé, um ao lado do outro, e numa cadeira próxima ia uma bela morena com blusa muito decotada que mal escondia os seios bem-feitos, fartos e volumosos.
Um dos jovens escorou a cabeça no braço e foi apreciando o belo regaço. Depois de certo tempo, a moça, visivelmente incomodada, olhou para o rapaz e, de chofre, perguntou:
– O que é, quer beber leite?
Sem pestanejar e demonstrando imensa presença de espírito, o futuro engenheiro e hoje professor universitário, devolveu:
– Não. Eu acabei de chupar manga.
Misturar leite com manga é outra lenda sobre o mal que pode ser causado com a mistura de alimentos; a origem dela remonta ao período do Brasil colonial, quando os escravos tinham acesso fácil a frutas, entre as quais a manga, e visando impedi-los de consumir leite, relativamente raro e, por isso, caro, a aristocracia açucareira inventou a história para inibir o consumo desta proteína.