Poliplex no Seridó
O caso me foi contado por duas pessoas, entre as quais uma das que deram origem a ele.
Todos os meus três ou quatro leitores devem se lembrar do complexo vitamínico Poliplex, como diz a bula, “especialmente indicado na prevenção e tratamento das deficiências vitamínicominerais, na anorexia, nas restrições dietéticas, particularmente durante regimes de emagrecimento, nos períodos de crescimento rápido, nas moléstias febris prolongadas, nas pessoas com hábitos alimentares irregulares ou caprichosos, na geriatria e em convalescenças prolongadas.”
Dia de feira (sábado) em Florânia, cidade seridoense distante 220 km de Natal, e um agricultor, depois de fazer as comprar da semana, perambulava pela cidade procurando, com certa urgência, a casa de uma pessoa de quem não lembrava o nome.
Depois de se informar, inutilmente, em vários estabelecimentos comerciais – bancas de feira, mercearias, lojas de roupas e de tecidos e bares –, entrou na farmácia de Toínho, no centro da cidade, em frente a uma frondosa gameleira que oferecia sombra fresca para muita gente castigada pelo sol abrasador do sertão nordestino, e fez as perguntas de praxe e dava informações para subsidiárias.:
– O senhor, por acaso, não saberia onde mora fulano de tal? Ele é isso e aquilo, tem tantos filhos…
Diante das informações imprecisas, um cliente respondeu que não e quis saber mais informações, para poder ajudar o pobre homem.
Sem conseguir se lembrar de mais nada que pudesse dizer para caracterizar melhor a pessoa que procurava, olhou em volta, subiu a vista desconsoladamente em direção às prateleiras da farmácia, observou atentamente um dos produtos e, sem pestanejar, disse:
– Ele tem dois filhos. Os meninos se chamam Poli e Plex.
Todos que estavam na farmácia entreolharam-se e, quase que ao mesmo, responderam:
– É Pedrinho Araújo.
E ensinaram onde ficava a casa do pai de Paulo e Péricles, meus amigos de infância.