Entre Pelé e Cristiano Ronaldo há um abismo

por Sérgio Trindade foi publicado em 17.jun.18

 

Não tive o privilégio de ver Pelé jogar. Assisto a vídeos de gols e jogadas dele e, às vezes, fico sem acreditar que Ele existiu (digo, existiu e não existe, porque Pelé se acabou, quando deixou de jogar; quem está entre nós é Édson Arantes do Nascimento).

Quando comecei a assistir futebol, na Copa de 1974, o Rei já estava acabando sua carreira no Brasil. Pouco depois, retomou-a no Cosmos, de Nova Iorque, mas tanto em 1974, ainda no Santos, como entre 1975-77, quando jogou no Cosmos, Pelé já não era o “Deus de todos os estádios”, como a ele se refere Waldir Amaral, na célebre narração do primeiro gol do Brasil contra a Itália, marcado por Pelé, na final da Copa de 70.

Na Copa de 70, com 29 anos e prestes a completar 30, Pelé já estava indo pro final de carreira.

Jogadores de futebol já estavam para pendurar as chuteiras quando passavam dos 30 anos de idade. Foi assim até o final da década de 1990. Poucos, geralmente goleiros, chegavam aos 35 anos jogando em alto nível, sem perder rendimento.

O desenvolvimento da medicina esportiva, dos estudos na área de fisiologia e nutrição, atletas alongam suas carreiras em quatro, cinco ou mais anos, jogando em alto nível.

Há quem diga – e ñ são poucos – que Cristiano Ronaldo é o único jogador que, depois dos 30 anos, mais tempo jogou em alto nível. Há quem complemente: nem Pelé o supera nesse quesito.

Concordo, mas complemento: Pelé começou menino uma carreira gloriosa. Aos 17 (no ano que completou 18) estava sendo campeão mundial e deixando embasbacado a todos; aos mitológicas.

Ninguém jogou mais do que Pelé entre 17 e 30 anos de idade.

29 (no ano que completou 30) deixou a todos igualmente embasbacados, fazendo jogadas

Ronaldo é um monstro. Um monstro que soube tirar proveito do desenvolvimento tecnológico e científico de sua época.

Tivessem se beneficiado da medicina esportiva, da fisiologia e da nutrição nos níveis em que elas estão hoje, Pelé e outros de sua época e até depois (Puskas, Garrincha, Zico, Maradona e outros) possivelmente teriam alcançado a excelência pós-30 anos de Cristiano Ronaldo.
Por Sérgio Trindade

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