Mercenários e chorões
Os treinadores de futebol brasileiro reclamam constantemente de estarem numa profissão em que a instabilidade é uma das marcas.
É fato que quando um time vai mal, o primeiro sacrificado é o treinador. Mas também é fato que a maioria dos treinadores não pensam muito quando recebem uma proposta financeira um pouco melhor e saem voando dos clubes nos quais trabalham.
Ocorreu com Rogério Ceni as duas coisas.
Com São Paulo mal em campo, Ceni foi demitido e pouco caso fizeram da história dele no clube pelo qual jogou por mais de duas décadas.
Com o Fortaleza bem e o ex-goleiro prestigiado e tratado quase como um rei, ele não pensou muito e foi embora para um Cruzeiro que caía pelas tabelas.
Muito se falou da demissão de Ceni do São Paulo e pouca referência se fez ao pedido de demissão dele.
O caso mais emblemático é o de Tiago Nunes, hoje um dos melhores do país e quase divinizado no Athletico do Paraná, pelo qual ganhou Sul-Americana e Copa do Brasil, em 2018 e 2019.
Com o time que dirigia já garantido na Libertadores-2020, com prestígio lá em cima, Tiago Nunes virou às costas, sem a menor cerimônia, para o clube paranaense e assinou pré-contrato com um Corinthians endividado, em crise financeira e comandado por um presidente enrolado.
O resultado disso não poderia ser muito melhor do que o que vem colhendo.
O Corinthians joga um futebol até aqui ruim no campeonato paulista e de medíocre para baixo nas eliminatórias da Libertadores, tendo sido eliminado pelo Guarany do Paraguai.
Rogério Ceni ainda conseguiu atenuar o malfeito, voltando ainda durante o campeonato brasileiro ao Fortaleza e quase levando o clube cearense a Libertadores.
Tiago Nunes patina, por ora, com clube paulista.
Depois da eliminação na Libertadores no meio da semana, o Corinthians fez um jogo bem ruim com o São Paulo, pelo campeonato paulista.
Paga o preço.
Não pode chorar pitangas, por ter sido demitido, porque agiu como mercenário.