Alkmin I

por Sérgio Trindade foi publicado em 18.fev.24

O folclore político brasileiro é rico e um dos que mais o enriqueceram foi o mineiro José Maria Alkmin, amigo de toda a vida de Juscelino Kubitschek.

Deputado Federal por várias legislaturas, Ministro da Fazenda do governo JK e Vice-Presidente de Castello Branco, o mineiro de Bocaiúva foi escolhido para ser o homem do PSD no governo primeiro general-presidente. Segundo fontes insuspeitas, Castello escolheu um para não, nem por algumas poucas horas, assumir a Presidência. Por isso, nunca fez, como Presidente da República, uma única viagem ao exterior. Além disso, deixou o seu companheiro de chapa sem carro e residência oficial e sem gabinete.

Às vésperas da eleição, em abril de 1964, Castello e Alkmin tiveram um diálogo ameno e o cearense teria brincado com o mineiro chamando-o de “cabo Zé Maria”, porque o então parlamentar servira sob às suas ordens quando tenente, em Belo Horizonte. Na conversa entre os futuros Presidente e Vice-Presidente da República, Castello quis saber o significado do sobrenome árabe Alkmin e o deputado teria dito que era “homem forte, homem honesto, homem alto”. Aproximadamente um ano depois, recepcionando embaixador de um país árabe, Castello repetiu a pergunta e ouvira que “Alkmin significa homem mentiroso”.

Negrão de Lima, que estudou com Alkmin na Faculdade de Direito de Belo Horizonte, nos anos 1920, dizia que encontrara com um ex-professor, alguns anos depois de formado, que lhe perguntou sobre vários dos seus ex-alunos. Sem titubear, Negrão de Lima disse que Gustavo Capanema era Secretário do Governador Olegário Maciel, Mílton Campos era jornalista e advogado e que José Maria Alkmin estava na Penitenciária das Neves (à época ele era o diretor do presídio). O professor lamentou o fato: “Eu sempre disse que esse rapaz não ia dar em boa coisa e que acabaria preso”.

Sebastião Nery, no seu Folclore Político, narra outro causo: “José Maria Alkmin, mestre da arte política, chegava da Europa com cinco garrafas enroladas na pasta. A Alfândega quis saber.

– Água milagrosa de Fátima.

– Mas tudo isso, doutor Alkmim?

– Sim, o pessoal de Minas acredita muito nos milagres de Fátima.

– O senhor pode desenrolar?

– Pois não, meu filho.

– Mas, deputado, isso é uísque.

– Ué, não é que já se deu o milagre?”.

José Maria Alkmin era primo distante do atual Vice-Presidente Geraldo Alckmin e dos irmãos Henfil e Betinho.

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