Aritmética criativa

por Sérgio Trindade foi publicado em 25.out.22

Ontem, 24/10, o Ministro das Comunicações Fábio Faria falou no Twitter, logo após o IPEC soltar os números da última pesquisa mostrando que a situação permanece estável, com Lula na frente, convidando jornalistas de todas as mídias para “acompanhar a exposição de um fato grave na frente do Palácio do Alvorada logo mais, às 19h30.” (sic) (https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/noticia/2022/10/24/campanha-de-bolsonaro-alega-que-radios-deixaram-de-veicular-insercoes-da-propaganda-do-presidente.ghtml).

Segundo Fábio Faria, a campanha do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ingressou com ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para denunciar que o presidente teve 154 mil inserções de rádio a menos (29 mil só no Nordeste) que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas duas semanas (o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, deu 24 horas para a campanha apresentar provas e/ou documentos sérios).

Se foram 154 mil inserções de 30 segundos a menos só no Nordeste, elas equivaleriam a 53 dias contínuos de tempo de propaganda a menos. Como são 9 os estados nordestinos, teríamos quase 6 dias, no Nordeste, sem inserção alguma de 30 segundos do candidato Bolsonaro. Como o tempo de inserção eleitoral obrigatória por dia é em torno de 3 horas e 30 segundos, teríamos então 48 dias sem inserções em rádios nordestinas.

Se ficarmos nas 29 mil inserções a menos, no Nordeste, como a certa altura frisou o Ministro, o candidato Bolsonaro teve quase 10 dias a menos de propaganda nas rádios nordestinas.

Sejam 48 ou 10 dias a menos, é muito tempo sem inserções. Improvável que o problema não tenha sido percebido por cidadãos comuns antenados com o horário eleitoral gratuito (os dados apresentados por Fábio Faria foram registrados por uma empresa de consultoria).

A acusação é grave e precisa estar amparada em evidências razoáveis, sob pena de se apresentar (a acusação) apenas como uma fraude. Ou, na melhor das hipóteses, uma cortina de fumaça para esconder a ação criminosa de Roberto Jefferson, aliado do Presidente Jair Bolsonaro, no último domingo.

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